Pode parecer bobagem que alguém que tenha uma vida tão agitada na desatinada Paulicéia, que não seja selenita, mas que habita de corpo e alma o mundo das artes, abraçando causas aparentemente impossíveis, projetos ousados, que tem vontade de beber até se embriagar de cultura e saber, que fica em estado de graça por ter o privilégio de conviver com aqueles que os anos envergam pelo peso de tanto conhecimento, encontre trabalhando aos sábados, domingos, feriados e carnavais, um tempinho para olhar… As nuvens
Observadora atenta das “naturezas mortas”, delineadas com tanto primor pelos pincéis de Pedro Alexandrino, das cores expressadas com maestria pela “Mãe do Modernismo” brasileiro, Anita Malfatti, nada me causa mais admiração na “natureza mutante” do que as nuvens. Seus efeitos físicos e ilusórios, que em formações únicas, não se repetem , são simplesmente… Flocos de ilusões.
Nasci fotógrafa, herança paterna. Sou observadora legítima.
Privilegiada por principalmente observar as nuvens. Sempre as fotografo e me encanto com as carregadas que precedem as chuvas.
Os efeitos ilusórios são rápidos, surpreendentes e imprevisíveis. Em constante transformação, harmonia e exuberância as nuvens proporcionam uma poética visual magica.
Surgem as mais diversas figuras: anjos, monstros, animais, pessoas, contornos e rostos. Não consigo olhar para as formações dos flocos de ilusões como imagens em formações abstratas.
Esse olhar as nuvens de baixo para cima só é mais fascinante e entorpecente quando o avião esta acima delas. O fôlego retesa com a beleza e a sensação extraordinária de paz. O paraíso poderia ter essa formatação. Seria perfeito.
Nuvens brancas, flocos que se unem, se separam e se diluem em minutos. Mudanças bruscas, alterações velozes muitas vezes se transformam impetuosamente no cinza pesado onde em uma cerimônia, quase ritual gritam trovões e descarregam suas dores em raios. Nuvens que se iluminam e buscam emprestada a exuberância dos raios solares. Mesmo na tempestade, vento forte, onde árvores parecem brincar numa dança frenética sem rumo, aguardando o alimento para sobrevivência, me fascino e quero registrar essa revolução extraordinária que as nuvens provocam. Nuvens que se desfazem após a chuva densa, refrescando nosso íntimo, procurando lavar da terra e banir do mundo as maldades que muitos cometem com a “mãe natureza”.
Amo a chuva, suas nuvens densas, carregadas, sombrias, mas com efeitos plásticos de pura beleza. Não me intimido ao estremecer os trovões. Impassível, aguardo o ansioso momento sublime das descargas elétricas, tão perigosas, mas sedutoras de encanto e fascínio.
Nuvens… Flocos de ilusões. Jamais conseguirei viver sem olhar-te e viajar em suas gloriosas formações, verdadeiras criações artísticas.

Obs: Jornalista, fotógrafa, escritora, curadora e pesquisadora cultural.
Atua hoje como assessora de comunicação nas Academia Paulista de Letras Jurídicas e Academia Cristã de Letras. Biógrafa do poeta Paulo Bomfim, é responsável pelos direitos autorais, pela obra e pelo site.

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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