19/09/2021 – Centenário de Paulo Freire

  1. Todo processo de formação tem sua intencionalidade de acordo com as visões de mundo, em disputa numa sociedade de classe. A escola é uma das principais agências de educação usada para tornar comum a manutenção de uma ordem social ou de sua transformação. Junto com sua estratégia e seu projeto de poder, a formação prepara agentes missionários para implantar na população o seu fermento.
  2. A escola oficial cultiva a ideologia da classe dominante e invade a mente e o coração da sociedade, visando tornar hegemônica a mentalidade de superioridade, individualismo, dominação, acumulação, ostentação, … Sua escolarização tem a clara intenção de tornar natural e justificar o mundo de desigualdade, discriminação, preconceito, ódio ao pensamento crítico e, por isso, acusa de subversivo quem não serve à elite de plantão.
  3. A Educação Popular como prática educativa, presente em todos os povos, segue outro caminho e prega a conversão para a pedagogia do oprimido que tem uma postura e uma visão de mundo humanista. Sua missão é despertar e preparar atores políticos para construir, desconstruir e reconstruir, de modo permanente, uma ordem social onde o centro seja a vida, a solidariedade e a realização das pessoas, como gente e como povo.
  4. Para implantar seu projeto de sociedade, a classe dominante aplica a pedagogia domesticadora onde há pessoas que sabem e outras que são ‘tabula rasa’ e, por isso, precisam assimilar e reproduzir, em todos os espaços, a versão conservadora da realidade e dos fatos. Como não pode negar a contradição que está na essência dos fenômenos, a formação autoritária tenta controlar e reprimir o diálogo e o questionamento.
  5. Educação popular que significa a pedagogia que tem lado – a classe que trabalha- tem seu modo próprio de formação. No processo educativo, educador e educando usam o diálogo, o convencimento, o intercâmbio de saberes a fim de atuar sobre a realidade para transformá-la. Assim, todos os atores se envolvem, em todo o processo educativo, com autonomia, com parceria, com tarefas diferentes, mas sem desigualdades.
  6. A pedagogia da Educação Popular acolhe o saber do povo, problematiza suas ‘certezas’, partilha o aprendizado social acumulado (teoria, ciência, história…) e ajuda a elevar seu nível de consciência. Por isso, faz a leitura da realidade em disputa, vê o interesse das pessoas, exige compromisso e multiplicação do aprendizado, planeja e avalia as ações, alerta para os desvios e a perseguição, celebra as vitórias e o companheirismo.
  7. A formação é mais que técnica ou transmissão de verdades; é a vivencia de uma experiência de vida. É um caminho, sempre novo, que nos leva a outro olhar e atitude sobre nós e sobre o mundo. Resgata a autoestima, desperta a indignação contra a injustiça, revela poder de cada um, junta o anseio individual ao projeto coletivo, organiza as forças para conquistas, projeta uma pátria feliz e sonha com a utopia da terra sem males.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]