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1 – Domingo de QUEM QUER SER O MAIOR
Marcos 9,30-37

A caminho de Jerusalém, uma ida sem volta, após três anos de caminhada, de convivência, de paciente evangelização, tudo ainda está por se fazer…
Enquanto o Mestre anuncia a entrega definitiva da sua vida, os discípulos discutem entre si quem deles é o maior…
Jesus precisa falar-lhes com muita clareza e dizer que a verdadeira grandeza consiste em considerar-se o último e colocar-se a serviço de todos, sobretudo dos mais pequeninos.
É a lógica da Cruz que orienta a sua vida e precisa ser assumida pelos seus seguidores, seguidoras.
Mas, como naquele tempo, hoje também, esse amadurecimento leva muito tempo.
Vale questionar aqui essa “Igreja de massas”, dos grandes e estrondosos eventos, das multidões delirantes a bater palmas cantar e saltar…
Será um encontro de gente que vem de pequenas comunidades, onde a vida de cada dia é compartilhada (VER)… e os “sinais dos tempos” são decifrados à luz da Palavra Sagrada (JULGAR)… e se buscam respostas concretas feitas de conversão e militância (AGIR)… onde o Reino cresce nas pessoas, fermenta os ambientes e a sociedade, e desabrocha no canto vibrante de celebrações autênticas?…  

 Outro dia, um irmão pastor luterano chamou-nos a atenção para esta aberração: num país com mais de 500 anos de evangelização, tantas Igrejas pregando o nome de Deus e o Amor, como é possível que as coisas estejam do jeito que estão: nunca foi tanta a desigualdade, nunca houve tanta violência?… Seria uma falência do “Projeto de Deus”?… Será que o que está faltando mesmo não é pensar a nossa fé “politicamente”?… É mais que urgente os cristãos e cristãs tirarem as consequências políticas de sua fé: o nome de Deus só será devidamente “santificado” e honrado nesta “Terra de Santa Cruz”, quando o amor se ampliar em exercício de cidadania… em lutas por Direitos… na construção de políticas públicas que resgatem a dignidade das pessoas, que ofereçam oportunidades de desenvolvimento saudável e pleno à juventude, que ponham fim a toda exclusão, que promovam plenamente a vida. Essa é a mensagem essencial do “Grito dos Excluídos e Excluídas” no dia 7 de setembro. Esse é o clamor incessante dos povos originários (indígenas), que aguardam uma sentença favorável e definitiva de seu direito aos territórios originários e o fim dos abusos cometidos pelo agronegócio, pelas madeireiras e as mineradoras. A Fé Cristã de todos/as nós está sendo testada. Talvez, um dia, esse país tenha jeito, e o nome de Deus, enfim, seja “santificado!”

2 – Domingo da abertura do coração
Marcos 9,38-48

Um dia, perguntaram ao Dalai Lama sobre qual seria, a seu ver, a melhor religião. E ele respondeu com divina clareza: “Aquela que nos faz melhores!”.
Depois de uma semana passada nos mais variados ambientes, testados a todo momento sobre os valores e princípios que orientam nossas vidas, chegamos para o encontro festivo com o Ressuscitado.
Nossas atitudes frente a pessoas e acontecimentos demonstraram, de várias maneiras, em quê ou em quem realmente cremos, e o que efetivamente alimentamos como visão de mundo e sentido da vida.
Nossas convicções e opções não nos dão, porém, o direito de nos considerarmos melhores ou superiores a quem quer que seja, e, muito menos, com direito a vantagens ou privilégios sobre os demais.
Se o nosso coração estiver afinado com o Evangelho de Jesus, nossa postura será sempre de grande abertura, para reconhecermos o bem e a beleza que se manifestam nos demais, e bendizermos ao Deus de todos os dons.
Estaremos atentos, sim, a não contrariar nem escandalizar, sobretudo aos mais humildes, e seremos radicais ao cortar pela raiz qualquer pretensão de superioridade ou de exclusividade que desponte em nós.
Nosso canto, então, ao celebrarmos o Deus da vida, terá a altitude e amplitude do voo das águias.

Já ouvimos da boca de alguém, em alguma ocasião, a palavra “fundamentalismo”… É aquela “certeza” doentia sobre os “fundamentos” de nossas crenças, religiosas ou políticas, que nos leva a olhar para os que pensam de modo diferente, com desprezo e rejeição… Quantas oportunidades nós perdemos de aprender com os demais, de nos enriquecer mutuamente com nossas experiências, de somar esforços em busca do Bem Comum e do Bem Viver!… Vejam a que esse fanatismo pode levar: um país envergonhado perante o mundo pela maneira como se portou a delegação brasileira na recente Assembleia das Nações Unidas. Como cidadãos cristãos, como cidadãs cristãs, responsáveis por nosso país, conscientes da importância de cada pessoa, priorizando as mais precisadas, comprometidos, comprometidas, com a Classe Trabalhadora, numa conjuntura de tantos e tão graves desafios, precisamos, ao mesmo tempo, discernir, entre os Movimentos e Lideranças Populares, Sindicais, Políticas e Religiosas, quem mais e melhor se aproxima dos valores do Evangelho… mas também, cortar pelo pé qualquer interesse egoísta, toda e qualquer busca individualista de vantagem, toda e qualquer posição preconceituosa e exclusivista. E a partir de boas rodas de conversa e avaliações, fazer nossas escolhas, tomar nossas decisões.

 3 – Lembrança do Mês da Bíblia/2021
CARTA DE PAULO AOS GÁLATAS: A CARTA DA LIBERDADE CRISTÃ

Em nome de Alguém que nos livra desse mundo mau: “Paulo apóstolo, não da parte dos homens, nem por meio de um homem, mas da parte de Jesus Cristo e de Deus Pai que o ressuscitou dentre os mortos. Eu e todos os irmãos que estão comigo às Igrejas da Galácia. Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, que se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, pra nos livrar do mundo mau em que estamos, conforme a vontade de Deus e nosso Pai” (Gl 1,1-4). Para refletir: Esse mesmo Jesus de Paulo é também para nós hoje a esperança de libertação?… Como acontece esta esperança, em nosso dia a dia?

 Chamado, como os Profetas Isaías (49,1) e Jeremias (1,5): “Deus, porém, me separou desde quando eu estava no ventre de minha mãe e me chamou pela sua graça. Quando ele quis revelar em mim o seu Filho, para que eu anunciasse a Boa Notícia entre as nações, imediatamente, em vez de consultar carne ou sangue, (…) fui para a Arábia” (1,15-17).
Para refletir: Cada um, cada uma de nós tem essa certeza do chamado de Deus?… E essa mesma prontidão?…

Espelhando-se em Cristo pregado na cruz: “Estou crucificado com Cristo. Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim. E a vida que vivo agora na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (2,19b-20).
Para refletir: Jesus crucificado, Aquele que deu sua vida pela humanidade, a referência da vida de Paulo, é igualmente a nossa referência?…

 A igualdade cristã: “De fato, todos vocês são filhos de Deus, por meio da fé em Cristo Jesus. Pois todos vocês, que foram batizados em Cristo, se revestiram de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vocês são um só em Cristo Jesus” (3,26-28).
Para refletir: É essa igualdade que se vê no mundo, na sociedade da qual a gente faz parte?… É essa a consciência que a gente tem?… Por onde tem que começar a mudança?…

Livres, filhos e filhas, herdeiros e herdeiras de Deus: “E quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido debaixo da Lei, de modo que recebêssemos a adoção de filhos. E porque vocês são filhos, Deus enviou aos nossos corações Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abba! Pai!’ Portanto, você já não é escravo, mas filho. E se você é filho, é também herdeiro por causa de Deus” (4,4-7).
Para refletir: A gente tem essa consciência?… A gente leva a vida de cada dia com essa consciência?… A gente encara as demais pessoas desse jeito?…

A liberdade cristã: “É para a liberdade que Cristo nos libertou.  Fiquem firmes, portanto, e não se deixem prender de novo ao jugo da escravidão (…). De fato, vocês foram chamados para a liberdade. Mas que a liberdade não sirva de pretexto para a carne. Ao contrário, por meio do amor, ponham-se a serviço uns dos outros. Pois a Lei toda está completa num só mandamento: ‘Amar o próximo como a si mesmo’. Se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, tomem cuidado: irão acabar destruindo-se mutuamente. Vivam segundo o Espírito, e não satisfaçam os desejos da carne (…) O fruto do Espírito é amor, alegria paz, paciência, bondade, fé, humildade e domínio de si mesmo. Contra essas coisas não existe lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne junto com suas paixões e desejos. Se vivemos pelo Espírito, sigamos o Espírito. Não nos tornemos arrogantes, provocando uns aos outros e invejando-nos mutuamente (…) Não se iludam: com Deus não se brinca. Pois cada um colherá o que tiver semeado. Quem semeia na própria carne, da carne colherá destruição. Quem semeia no Espírito, do Espírito colherá vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem. Se não desanimarmos, no tempo devido colheremos. Portanto, enquanto temos tempo façamos o bem a todos, principalmente aos familiares da fé”    (5,1.13-15.22-26. 6,7-10).
Para refletir: Em Família, na Vizinhança, no Trabalho, na Escola, na Igreja, por onde vocês passam, é assim que vocês se sentem e convivem?… A liberdade cristã como se manifesta na convivência de vocês?…

Nossa glória: “Quanto a mim, que eu nunca me vanglorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio dele, o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”(6,14).
Para refletir: Finalmente, será que entendemos o que significa a glória da Cruz?… Orgulhar-se na Cruz de Cristo é coisa que a gente curte e as pessoas com quem convivemos percebem na vida da gente, na convivência da gente em família, entre a vizinhança, no trabalho ou na escola, na Comunidade, nas atitudes individuais e nas iniciativas e ações coletivas?…

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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