elza fraga 15 de setembro de 2021

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Estou aqui…
Firme por enquanto na fé que me habita.
Nada entendo dessas artimanhas mundanas porque não sou do mundo, sou mesmo é das estrelas. E um dia pra elas retorno.
Não quero nada daqui que já não me pertença, e meu único pertence, com registro e escritura documentada, é minha alma.

Estou aqui. Ainda…
Só pretendo ir embora quando findar o último segundo do contrato que assinei, e nele constava data de entrada e de saída, com a observação de que o miolo eu preencheria com meus feitos e desfeitos. E acho que a soma desses deu ruim. E talvez tenha que retornar para alguns acertos… só os meus, que aqueles que me devem acertem os seus.

Estou aqui não sei por quanto tempo mais…
Mas sei que fui capaz de caminhar uma estrada de espinhos. Fui capaz de dar nó em pingo d’água. Fui capaz de me resgatar tantas vezes que até perdi a conta. Fui capaz de retornar pra tentar pegar a via certa. Dei marcha-ré quando precisei e acelerei nas boas estradas, sem esquecer de apreciar o caminho.

Estou aqui sem saber motivo certo…
Sem a mínima idéia de qual era a missão a ser cumprida. Sem saber o motivo da vinda, intempestiva, numa quarta-feira de agosto já longe no horizonte das memórias, antes no calendário marcado pela contagem humana, mas, com certeza, na hora certa do contrato que assinei e aceitei os termos, pensando que iria fazer tudo certinho, acreditei no potencial de quem achei que era, e entrei na farda da matéria. Só não sabia que a carne sabe de dor de tal maneira que a gente até esquece os bons propósitos.

Estou aqui e agora me compreendo…
Precisei viver uma vida inteira em minha companhia para conhecer meu centro, meu equilíbrio. E só aí treinei ponderamento.

E agora, aqui em agradecimento, entrego a Fonte cada momento de prece, de susto, de força ou de covardia. Peço revisão e dispensação, se permitido for, do restinho do tempo.
Que se faça minhas contas, se pese meus momentos. Que se bata o martelo na sentença precisa…
Mas que se leve em consideração, e se conte em dobro, o quanto amei as flores e os passarinhos algazarrentos, o quanto amei pessoas que nunca corresponderam as minhas expectativas, e – principalmente – o quanto fui agradecida!

elza fraga
Cansada de tudo… Cansada de mim…

Obs: Imagens da autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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