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1 – Domingo do Pastor das ovelhas abandonadas
Marcos 6,30-34

Os discípulos estão voltando da sua primeira experiência missionária. Têm muito que contar e, com certeza, perguntas a fazer, dúvidas por esclarecer e, sobretudo, necessidade de descansar, na intimidade do Mestre. Jesus mesmo sugere este gostoso retiro. Mas as multidões, tocadas por uma palavra diferente e cada vez mais sedentas dessa novidade boa que andou sendo anunciada, correm atrás de Jesus e sua turma, chegando, primeiro que eles, do outro lado do lago.
E agora?… Quem não precisa de um pouco de repouso?… Quem não merece umas férias?…
O problema não é esse. Quando o que nos move e urge é o amor de Cristo, só vale um critério: alguém está precisando da gente, aqui e agora?… Tantas ovelhas abandonadas, tanta gente sem rumo, tanta solidão à espera de alguém, tanta fome e sede de justiça…
Aí está o desafio! Quem lhes vai ao encontro e quando?… Amanhã ou depois?… Hoje, mais tarde?… Aqui e agora?… Só o amor do Pastor que se enche de compaixão diante da multidão dos que não têm ninguém por eles é que vai determinar o que precisa ser feito, quando e como… se dá para descansar ou não. E neste encontro com ele, hoje, que o nosso canto nos faça sentir, ao mesmo tempo, a fome das ovelhas e as urgências do Pastor.

Os três passados encontros de Papa Francisco com os representantes dos Movimentos Sociais Populares do mundo inteiro foram a expressão concreta e viva de uma coisa e de outra: Os Movimentos Sociais Populares, às voltas com um sistema capitalista surdo a seus clamores, sedentos de luz e de apoio… Um pastor compadecido diante das ovelhas sedentas de justiça… E o pastor nos convoca a todos e todas a nos colocarmos junto às ovelhas, a quantos/as hoje sonham com um mundo diferente e por isso lutam. E agora?…

29 de maio, 19 de junho e 3 de julho, num visível e impressionante crescendo, a Classe Trabalhadora e quem com ela se solidariza se manifestaram por todos os recantos do país, gritando por mais vacina, o impeachment de Bolsonaro e volta do auxílio emergencial de R$ 600,00… Militantes cristãos/ãs, estivemos presentes “em nome de Jesus”?… Onde estaremos no dia 24 de julho?… Respeitados os cuidados e conveniências, por conta da pandemia, os/as que estivermos em condição de participar não poderemos nos furtar. O Senhor estará à nossa espera.

Do Discurso do Cardeal Turkson, por ocasião do 2º Encontro Internacional dos Movimentos Sociais Populares com Papa Francisco, na Bolívia, 7, 8 e 9 de julho de 2015, palavras mais que atuais:

  1. O mundo precisa avançar num processo de mudança em defesa da Terra e da dignidade das pessoas. Esta tarefa não é exclusiva dos líderes religiosos, dos cientistas, dos políticos ou dos empresários, mas de toda a humanidade.

O grito, a queixa, o protesto e a pressão dos pobres são de vital importância para que os poderosos do mundo compreendam que assim não dá para continuar. A Igreja quer escutar este grito e juntar-se a ele.

  1. Os pobres têm-se organizado para resistir à exclusão social, à escandalosa desigualdade e à degradação de seu ambiente. Assim, têm criado Movimentos não só para protestar contra a injustiça, mas também para resolver, com suas próprias mãos, os problemas de acesso à Moradia, à Terra e ao Trabalho, que nem os Estados nem o Mercado resolvem. Apesar da precariedade, são semeadores de terra, construtores de moradias e criadores de trabalho.

2 – Domingo da Multiplicação do Pão

João 6,1-15

“O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada”, sabedoria popular que arranca, com certeza, deste momento significativo da vida de Jesus, narrado pelos 4 Evangelistas. Se compreendermos seu significado maior e mais profundo, nossa atitude será menos de procurar milagres e, para tanto, fazermos tantas promessas, e muito mais a de colocarmos à disposição do Mestre, para o bem dos irmãos e irmãs, tudo quanto somos e temos.

Enquanto isso, nossa civilização se caracteriza pela acumulação e pelo consumismo, pelo desperdício e pelo esbanjamento, de um lado, e do outro, pela exclusão, pela fome e pela miséria, com toda a sequência de mazelas que daí decorrem. Bastaria tão pouco para reajustar este mundo de desordem, injustiça e violência: que cada um, cada pessoa, cada grupo humano se dispusesse a compartilhar com os demais o que sabe, o que pode e o que tem. Não é por nada que Jesus se deu a conhecer, na tarde do domingo da Ressurreição, pelo simples gesto de “partir o pão” (cf. Lc 24,30-31.35).

Ao repetirmos hoje a Ceia do Senhor, nosso canto dever ser um alento e inspiração a bem maior generosidade no dia-a-dia de nossa convivência.

Quanto foi importante, mais uma vez, a Classe Trabalhadora e seus aliados se manifestarem, neste sábado 24.07, gritando pelas ruas por seus direitos e pelo atendimento urgente de suas necessidades, nessa conjuntura de pandemia. O país precisa reerguer-se a partir de iniciativas que visem, antes de tudo, a superação progressiva da desigualdade, a renda básica mínima, a capacidade de consumo pela maioria do povo, e uma reorganização do parque industrial em função das necessidades básicas da população… É esse o milagre que precisa acontecer. E nós, Cristãos e Cristãs, temos que estar presentes em todas as frentes de luta. Somente assim provaremos ter entendido o sentido do milagre de Jesus. Oremos!

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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