Perguntei sobre o frio,
como cuidado, vontade de proteger.
É que às vezes parece muito solto, estabanado, entregue à própria sorte.
Sai por aí com a viola atravessada, olhando rios, rostos, badaladas dos sinos, o vulto da feira na janela.
Parece menino perdido em devaneios, buscando seio da mãe vida.
Viaja mundo enquanto esquenta a água do café. Nariz com a ponta friiiia….
e coração quente, pedindo cobertor.
Dá voltas ao mundo, segue relógio inverso, só para buscar aconchego nas horas vividas, buscando paz nos versos que trazem de bandeja os momentos. Todos os recheios da vida em eterna degustação. Primeiro beijo, primeira paixão.
Por isso a proteção, a vontade de dizer para aquecer os pés, usar o cobertor, não se distrair olhando as luzes sob a neblina.
Portanto, cuide-se, poema, não se resfrie, não congele.
Pinte o mundo com seus versos quentes e verás que o mundo te aquece. Você é destino, eu sou a prece.
Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/