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No Brasil, ainda ameaçado por novas variantes da pandemia, neste início do mês de agosto, colégios e instituições de educação retomam as aulas presenciais (Cf. O Estado de São Paulo, 22/07/ 2021).

Durante mais de um ano, muitas escolas mantiveram os alunos ligados a encontros virtuais. Ocorre que, na maior parte do país, o acesso à internet e a seus recursos ainda não é totalmente democrático. Muitas crianças e adolescentes pobres são penalizadas. Além disso, a educação à distância e por meios virtuais pode cumprir função de suplência, mas jamais consegue substituir o acompanhamento educacional. A convivência e o diálogo são elementos indispensáveis.

Já desde alguns anos, o Brasil já se colocava entre os países do mundo com maior dívida no plano da educação básica dos seus cidadãos. Atualmente, sob o atual governo, já antes da pandemia, no ranking internacional da educação, o Brasil foi considerado um dos 20 piores países do mundo (Cf. Isto é, 2687/  2019).

Neste 2021, as pessoas que amam a educação lembram o centenário do nascimento de Paulo Freire, figura de educador venerada no mundo inteiro, menos pelo atual governo brasileiro.

Qualquer pessoa minimamente informada sabe que o atual governo brasileiro fez e faz tudo para inviabilizar a educação, em todos os seus níveis. Nesse projeto, conta com a pandemia como aliada, mas é capaz de uma perversidade que nenhum vírus alcança. No plano universitário, o presidente da República não cansa de intervir na maioria das universidades federais. Impõe administradores, nomeados com critérios políticos e ideológicos, sem o mínimo respeito ou diálogo com a comunidade dos professores e técnicos em educação. Além disso, como nunca antes, todas as unidades federais padecem a falta de verbas para o seu funcionamento básico.

Enquanto desde o século XVI, Colômbia, Peru e Bolívia têm boas universidades públicas, no Brasil, apenas no século XIX, tivemos o primeiro curso de direito em Olinda e São Paulo. O próprio Ministério da Educação só existe no país a partir de 1930” (revista Fórum, junho 2009).

Em um evento realizado por videoconferência, no dia 15 de outubro de 2020, o Papa Francisco lançou o Pacto Educativo Global, propondo ao mundo todo uma aliança em prol de uma educação de qualidade. O papa insiste na  importância da educação como ato de esperança, “.antídoto natural à cultura individualista…”.

Essa iniciativa do papa conta com o apoio da UNESCO e de diversas instituições acadêmicas. A proposta é que esse pacto se concretize através de sete compromissos ou propostas para a promoção do diálogo entre culturas, da paz e da ecologia integral:

1º – Colocar a pessoa no centro de cada processo educativo.

2º – Ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens a quem transmitimos valores e conhecimentos.

3º – Favorecer a plena participação das meninas e adolescentes na instrução.

4º – Ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador.

5º – Educar a nós mesmos e uns aos outros/as para o acolhimento, abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados.

6º – Encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso.

7º – Guardar e cultivar a nossa casa comum, protegendo-a da exploração dos seus recursos

No Brasil, diversas entidades da sociedade civil estão se unindo a educadores e educadoras para organizar atividades concretas neste caminho do Pacto Educativo Global. Para quem tem fé e busca viver uma espiritualidade ecumênica, a educação é a tarefa que mais nos aproxima dos grandes líderes espirituais da humanidade. Todos foram educadores e, de certo modo, optaram pelos últimos. Jesus Cristo, por exemplo, se revelou como Sabedoria Divina oferecida a toda pessoa que aceita acolhê-lo. E mostrou que neste processo de educação o importante é conhecer e praticar a verdade. Como ele afirmou: “A Verdade vos libertará” (Jo 8, 33).

Obs: O autor é monge beneditino e teólogo católico é especializado em Bíblia e assessor nacional do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, das comunidades eclesiais de base e de movimentos populares.
É coordenador latino-americano da ASETT (Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo) e autor de 57 livros publicados no Brasil e em outros países. O mais recente é Teologias da Libertação para os nossos dias (Vozes).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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