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Lembras amiga Claudine dos nossos encontros nos velhos Cafés parisienses? Éramos jovens e como tal, inconsequentes, vivendo o hoje como se não houvesse amanhã! Estávamos no alvorecer dos anos setenta, quando uma maluca inglesa resolveu subir as saias das mulheres até as nuvens! O mundo começava a virar de cabeça pra cima, mostrando a força de uma juventude livre da opressão social, dona do seu corpo e querendo ter voz entre os poderosos machões! É verdade que essa Revolução das saias, acontecia gradativamente desde o princípio do Século XIX, mas só ousou enfrentar o mundo, quando surgiu um grupo de jovens, com cabelos compridos e uma música alucinante, para mostrar que também poderiam ter o seu lugar ao sol! Nós sempre fomos rebeldes e corajosas, livres de corpo e alma, desde a “belle epoque”. Fumávamos, dançávamos e bebíamos junto com eles, mesmo sabendo que as “escolhidas” seriam as puras e comportadas do lar! Quanta hipocrisia! Quantas mentiras, caso fôssemos procurar entre os finos lençóis, o quanto eles eram enganados. Agora não. Estávamos num pé de igualdade, mesmo banidas da burguesia encoberta pelas dogmas da religião e da moral! Mas voltemos aos nossos mundos, onde a irreverência prevalecia e homens e mulheres se misturavam sem distinção de cor e classe social. A década de setenta foi “os anos loucos “ do século vinte. Lembro da nossa primeira viagem, saindo de uma pequena aldeia para abraçarmos a revolução estudantil de 1968, justamente em Paris, onde tudo acontecia em pré estreia. As duas meninas, quase mulher, não ousaram enfrentar o seu “mundinho” hermético e hipocrita e voaram nas asas do pássaro de ferro para o centro do mundo. Para ter essa coragem, estudamos e fomos muito bem comportadas. Para duas mulheres no auge da juventude, nada melhor do que Paris, cidade luz e apaixonante! Bem que poderíamos ter ido para onde tudo começou, a vizinha Londres. Não. Preferimos viver a nossa era de liberdade, ali no fervilhante Quartier Latin, junto com os rebeldes remanescentes dos existencialistas! Ali uma mulher que pensasse, não vivia à margem dos intelectuais, mas sim, junto com eles. E lá fomos nós, usando saias curtas, podendo sentar e beber, sem precisar do aval masculino. Claro que para nós, tudo era novidade. Ah! Amiga querida, como seria bom um retorno no tempo, que para mim nunca foi perdido, mas o melhor que vivi! Quando a juventude vai embora, mas os sonhos permanecem, é através das lembranças que conservamos a alegria de viver! Um dia, quem sabe, antes que a luz ou a escuridão desçam sobre nós, quem sabe não nos encontraremos para uma taça borbulhante de champanhe! 06/021