Taciana Valença 15 de junho de 2021

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Silenciosas, as ruas estranham as faltas.
Faltam pés saltitantes, orquestras, maestros.
Falta Antonio Nóbrega, o Bloco das Flores.
Faltam os foliões e suas cores.
Recife estranha as ruas vazias,
máscaras isoladas em si,
indo alhures num vácuo tempo,
respirando como argumento.
O galo não está na ponte,
e a gente nem pode mangar,
como sempre, nossa maneira
de admirar, só um pé de graça.
Mas o orgulho ninguém disfarça,
do bloco que amanhã seria.
Quem sabe um dia. Quem diria?
-Depois do Galo rola Olinda?
Mas claro!
E amanhã a gente sofre,
mas não vai poder gozar.
Nossas cinzas antecipadas,
tiraram o homem de lá.
O homem do boné,
homem azul, inesquecível,
aquele, dos livros, o dirigível.
Sábado de Zé sem Pereira.
Tudo passará em branco ou luto.
Começamos das cinzas ingratas,
o Carnaval de todos os anos,
só que hoje nossa fantasia
é tapar o rosto com pano.

Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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