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1 – Domingo da Família de Jesus
Mr 3,20-35

A fama de Jesus era tal, a repercussão do que ele fazia e dizia era tamanha, que o povo não o largava.
Ele e os discípulos já não conseguiam sequer parar para comer.
Os parentes achavam que ele tinha perdido a cabeça.

Os inimigos o acusavam de possesso do demônio.
Os que tinham fome e sede de justiça estavam ali, ao redor dele, o tempo todo, aonde ele fosse, quais ovelhas sedentas em busca da fonte, à beira do poço.
Aos que se opõem à evidência da verdade de suas atitudes, da sua ação, de suas palavras, Jesus alerta para o pecado maior de fechar-se ao Espírito de Deus. É um pecado sem perdão!
Aos que querem segurá-lo pelos cuidados ditados pelo “sangue”, pelos interesses de família, ele deixa bem claro: seus irmãos, suas irmãs, sua mãe, são os que fazem a vontade de Deus.

 Nossas assembleias dominicais são de gente desse tipo?…
Nosso canto celebra esta busca sincera, esse prazer maior de quem busca continuamente a face de Deus, a sua santa vontade?…

Sábado 29.05, aconteceram em mais de 200 cidades do Brasil, entre elas, todas as capitais, manifestações contra o Governo Federal. Apenas no Recife, a manifestação, que primou pela organização, não somente pacífica, como respeitosa de todos os protocolos referentes a exigências de distanciamento, de equipamentos de proteção individual e higiene, foi a única reprimida pela ala bolsonarista da polícia militar. Uma violência criminosa, que deixou dois trabalhadores, pais de família, cegos de um olho. Apesar da triste ocorrência, alguém duvida que as pessoas que se manifestaram, em todo o país, eram gente que fazia a vontade de Deus?… Correram riscos, é verdade, mas além dos cuidados que tiveram, tinham consciência de que pior que o vírus da pandemia é o Vírus que governa esse país. Enquanto o primeiro se acaba com a vacina, o segundo só é possível debelar pela mobilização popular. Era preciso protestar contra a ação nefasta de quem, não só é responsável pelo atraso na vacinação, como pela sabotagem contra as medidas de proteção, pela promoção enganosa de tratamento precoce comprovadamente ineficaz, bem como pela sonegação de um auxílio emergencial decente aos desempregados e informais, e de medidas de apoio às pequenas empresas. Dia 19.06, haverá nova manifestação promovida em todas as cidades pelos Movimentos Populares e Sindicais, e pelos Partidos Políticos comprometidos com a Classe Trabalhadora e com o povo mais precisado. Não é difícil identificar nessa gente que se arrisca e se manifesta, verdadeiros discípulos e discípulas, irmãos e irmãs de Jesus!

Tempos de grandes desafios são, talvez tempos de purificação e de aprimoramento da nossa fé e dos nossos compromissos como cristãos e cristãs. Quando rezamos o Pai Nosso, nosso primeiro pedido é, justamente, “Santificado seja vosso Nome”… O Nome de Deus é três vezes santo! O que estamos pedindo é a graça de vivermos de tal maneira, que nossa vida, tudo quanto fazemos, respeite, honre essa santidade do Nome de Deus e Ele tenha prazer em ser nosso Pai. E isso é “santificar” o seu Nome, isto é, reconhecer e respeitar a santidade desse nome.

2Domingo das Sementes do Reino
Marcos 4,26-34

Depois de surpreender seus ouvintes a respeito de quem é sua família, em nosso encontro de hoje, ele vai nos surpreender sobre “os alcances” e “processos” do Reino de Deus.

Depois de séculos de cristandade, vivemos hoje um tempo de “diáspora”. Mesmo no Continente Católico, ou no “maior país católico do mundo”, ser católico, ser cristão, é sempre menos um fato sociológico, cultural ou “natural”… É sempre mais uma questão de opção, pessoal… E a nossa alegria não resulta mais do triunfalismo religioso de um tempo, mas de um olhar humilde, capaz de perceber os sinais do Reino de Deus no cotidiano das pessoas, dos mais simples, especialmente lá onde a preocupação com o outro é vivida de muitas maneiras e com imensa criatividade e generosidade… Ou então,  na globalização da solidariedade, através dos esforços de mobilização, organização e ação dos que acreditam que “um outro mundo é possível”.

Somente essa percepção mais profunda e ampla dos sinais do Reino é que nos dará fôlego para honestamente cantar “os cânticos do Senhor”, mesmo que seja em terra estranha, “na beira dos rios de Babilônia” (Sl 137).

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Não obstante o absurdo ocorrido no Recife, o dia 29 de maio, por todo o Brasil, ocorreu como um desabrochar da esperança nesse país. E o próximo dia 19 de junho se anuncia como um passo a mais rumo à interdição dos que estão indevidamente ocupando os postos chave no Executivo federal. Ousadia e discernimento é do que precisamos, para definir como será nossa participação nas manifestações convocadas pelos Movimentos Populares, pelas Centrais Sindicais e pelos Partidos Políticos comprometidos com a Classe Trabalhadora e o povo mais precisado.

Importante será, nós, cristãos e cristãs, o tempo todo, em cada oportunidade que surja, estarmos semeando a esperança!

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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