elza fraga 15 de maio de 2021

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Estive por aqui matutando no futuro da raça, desculpem os treteiros, os pavios curtos, os deslumbrados, os seguidores de seitas, os crédulos, os fanáticos, os que se intitulam mestres, os encrenqueiros de todas as raças
e feitios, mas…

Só sobreviverão os que aprenderam que o silêncio é mais arma que a língua.
Só sobreviverão os que sabem de quietude, de mansidão,
os que abrem mais livros que boca.
Aqueles que aprenderam a difícil arte de se equilibrar na corda bamba da própria mente, e não resvalam pro chão de lama em que o mundo está se transformando.

Sobreviverão os que ainda crêem, de verdade, sem a hipocrisia de uma fé montada nos templos e desmontada assim que se atravessa o portão de saída.
Sobreviverão os puros, não os ingênuos.
Os limpos, não os que se deixam lavar pelas águas alheias.
Os que mantém o raciocínio sem se deixar manobrar.
Os que escutam tudo, mas nada lhes fere os ouvidos.
Os que entram na arena sem medo, cientes que a derrota é armadilha da mente.
Os que sabem que não sabem, não arrotam uma sabedoria que ainda não é deste mundo.

E sobreviverão, principalmente, os que entenderam que o destino nos leva, numa fila torta e desordenada, para a travessia fatal do último minuto no plano.

Não há saída, há mudança de status, de vivos pra mortos, dizem alguns.

Eu diria de almas animadas por matéria para espíritos animados pela luz, ou pelas sombras, sabe-se lá o merecimento de cada um?

Mas a partir desta fronteira sobreviverão não os espertos, mas os despertos.

Acordemos pois e deixemos os discursos para quem dorme à sombra do sofrimento alheio e se sustenta no suor de quem lhes carrega em ombros curvados.

Um dia, quando não mais tiver canal físico para escrever, não matutarei, só observarei da frisa lateral – que porventura me couber, o quanto tive de acerto, sem intenção de gabaritar, se tiver nota para estar do lado certo já me darei por satisfeita.

elza fraga
Suplicando ardentemente que sobrevivam os poetas.”

Ahow
(Saudação tribal americana que diz
“Eu concordo, eu aceito, eu sinto”)

Obs: Imagem da autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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