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[ Composição: Alex, Zé Roberto e Paulo (Paschoalini) ]

Pessoas seguem suas trilhas
pelos trilhos da estação,
onde a mãe carrega nos braços
o futuro em forma de criança.

O estudante tem nos livros,
em que leva a tiracolo,
a sabedoria impressa
nas rugas do velho, no outro extremo.

O tempo passa tão depressa quanto a paisagem,
que na janela vai ficando para trás.
Tantos sonhos ao deixados em estações passadas,
feito bagagens esquecidas em algum lugar.

São pedaços da vida…

Pessoas seguem suas trilhas
preocupadas com o tempo,
contratando com a calma
do turista em férias da rotina.

O operário adormece
encostado em seu cansaço,
sonhando encontrar na volta
a paz e o aconchego de um abraço.

Cada um tem seu destino,
que a realidade quase sempre insiste em querer mostrar.
Tantos sonhos são deixados em estações passadas,
feito bagagens esquecidas em algum lugar.

São pedaços da vida, de uma vida inteira;
fragmentos de vida, de uma vida inteira.

Fragmentos da vida…

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CENAS DO COTIDIANO: 

O ano era 1994 e, devido a um compromisso, precisei ir para a cidade de São Paulo quatro vezes, durante o período de aproximadamente dois meses. Numa dessas oportunidades, eu peguei o metrô num horário de pouco movimento, quando tive o “luxo” de permanecer sentado durante o trajeto, o que me permitiu observar com mais atenção o “sobe e desce” de passageiros.

Apesar de não saber sobre a realidade de cada um, era possível, no entanto, fazer uma leitura do semblante de alguns passageiros, podendo imaginar uma eventual rotina de acordo com alguns gestos e, principalmente, no que diziam seus os olhares.

Dessa maneira, quando voltei para casa, rascunhei num pedaço de papel as características da leitura que fiz de cada um daqueles personagens da vida real, fazendo um exercício de imaginação acerca dos sonhos e dissabores contidos ali naquele vagão. A ideia era escrever um poema ou uma crônica, mas naquele momento não consegui desenvolver nem uma coisa, nem outra.

Cerca de dois ou três anos depois, estávamos envolvidos com nossas composições e surgiu a ideia de fazermos uma música que falasse da rotina a que todos nós estamos submetidos. Imediatamente eu me lembrei do rascunho que havia feito sobre as cenas do metrô. Com a ajuda do Alex e baseada na melodia que ele e o Zé Roberto tinham criado, a letra foi escrita de acordo com a métrica e o andamento.

Para dar mais personalidade, o Zé Roberto fez esse arranjo maravilhoso (todo ele), com destaque para as intervenções de guitarra na abertura da música e no solo, em especial, quando um toque crescente e frenético dá o tom da correria do cotidiano, numa alusão ao que acontece nas grandes metrópoles. Não bastasse isso, ele ainda colocou a sua voz marcante na bela interpretação. A gravação do áudio foi feita em home studio.

Desse modo, “Fragmentos” não é uma música que poderia ser considerada “comercial” (que a gente ouve e sai cantando), mas que convida a refletir sobre uma realidade movida por interesses comerciais, em que tudo tem um preço e onde os valores estão cada vez mais escassos.

TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini

OBSERVAÇÃO:

Texto e música publicados no blog “Revista Vicejar”, em 13.04.2021:

LINK: http://revistavicejar.blogspot.com/2021/04/musica-fragmentos.html

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VÍDEO DIAPONÍVEL NO YOUTUBE:

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=uJjyAoxTs7c

(As fontes das imagens foram mencionadas no final do vídeo)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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