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1 – Domingo da Videira e dos Ramos
João 15,1-8

Vivemos numa sociedade fluida, onde tudo muda continuamente, no ritmo frenético do mercado, do consumismo, da moda, do sucesso do momento.  E a gente, a todo instante, corre o risco de ir na onda… Já não encontramos outro prazer e interesse, já não temos outro objetivo senão consumir. Alguém observou, que nesse ritmo, sem nos darmos conta, nós mesmo estamos virando mercadoria, artigo de compra e venda, pois o mercado nos disputa, nos compra e nos vende a todo instante, através do tráfico de dados.

E dizem que a Religião vem se tornando o negócio mais vantajoso do sistema capitalista. Pelo jeito, como as coisas estão acontecendo em muitas Igrejas, parece que é isso mesmo. Fala-se até, e confortavelmente de “marketing religioso” …

O Ressuscitado, com quem, hoje, viemos encontrar-nos convida-nos a fortalecer nossa identidade: sermos pessoas cristãs unidas intimamente a ele, o Cristo, feito os galhos de uma árvore, unidos ao tronco.

Somente assim, em meio à onda do mercado, teremos um objetivo maior na vida… Vivificados pela seiva que vem desse tronco divino, daremos os frutos do Reino, viveremos, no tempo, aqui e agora, valores eternos: o Amor, a Justiça, o BEM VIVER!

Muita gente anda levando uma vida sem consistência, ora no afã insaciável do consumo passageiro e devorador, ora no tédio ou no vazio… Já não alimentam um sonho maior, um ideal grandioso, uma causa nobre, a esperança de um mundo diferente, de irmandade e paz entre todas as pessoas. Não será por isso que jovens do mundo “desenvolvido” andaram indo em busca, por exemplo, do “Estado Islâmico”?…

Nossa presença e nosso testemunho cristão poderiam sugerir alguma coisa diferente?…

E o apelo do urgente do momento: acompanharmos como questão nossa a CPI do Senado da República. Há dois crimes hediondos a serem investigados:

* O de GENOCÍDIO, isto é, a matança em massa da população, que já beira os 400.000, por conta do atraso na vacinação, da falta de testagem, da falta de coordenação e planejamento no enfrentamento da pandemia, da sistemática campanha de desmoralização das medidas de distanciamento e outros cuidados, bem como a sonegação dos recursos destinados ao combate da pandemia e à Saúde, de modo geral!

* E o de ECOCÍDIO, quer dizer, a morte planejada do sistema ecológico: destruição do Meio Ambiente, devastação do planeta, não só pelo desmatamento e pelas queimadas, como ainda pelo uso desbragado de agrotóxicos, envenenando as águas, a terra e o ar, contaminando alimentos e envenenando a população que os consome, mas, sobretudo os trabalhadores do agronegócio e suas famílias.  

* Como Cidadãos e Cidadãs, ainda mais, como seguidores(as) de Jesus Cristo, não podemos ficar indiferentes diante dessa NECROPOLÍTICA, isto é, política que promove intencionalmente a morte de multidões, em função dos interesses e lucros de meia dúzia de lobos insaciáveis, sem amor e sem Deus! Atentos(as) aos “sinais dos tempos”, vamos vendo, como CLASSE TRABALHADORA, o que fazer, coletivamente, para que esta CPI identifique e puna os responsáveis, em nome da VIDA, em nome de DEUS!

 

 

2 – FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR

<<Hoje, nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu: suba também com ele o nosso coração. Ouçamos as palavras do Apóstolo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrestres.” (Cl 3,1-2). E assim como ele subiu sem se afastar de nós, também nós subimos com ele, embora não se tenha ainda realizado em nosso corpo o que nos está prometido.

Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra atra-vés das tribulações que nós experimentamos como seus membros. Deu testemunho desta verdade quando se fez ouvir lá do céu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9,4). E ainda: “Eu estava com fome e me destes de comer” (Mt 25,35).

Por que razão nós também não trabalhamos aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade que nos unem a nosso Salvador, já descansemos com ele no céu? Cristo está no céu, mas também está conosco; nós, embora não possamos realizar isso pela divindade, como ele, ao menos podemos realizar pelo amor que temos para com ele.>> Santo Agostinho (LH II, p.828-829)

Sábias palavras de Santo Agostinho, que nos inspiram uma vida cristã com a cabeça no céu, mas, os pés na terra. Na verdade, essas palavras de um santo bispo de 16 séculos atrás, nos instigam a vivermos, hoje, plenamente a nossa “cidadania” celeste, já aqui, nesta terra de tristezas e tribulações.

Precisamos dar conta do que pedimos todo dia a Papai do Céu: “Venha a nós o vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”! Importante e urgen-te é fazer a nossa parte e demonstrar por nossas atitudes e ações que o “céu” pode começar aqui e agora. Com os corações ligados no Cristo Jesus, que está sentado à direita do Pai, mas está sempre conosco, até o fim dos tempos, por respeito à nossa dignidade e por solidariedade para com to-dos os nossos irmãos e irmãs, sobretudo, os oprimidos e excluídos. Uma urgência da con-juntura é apoiar a CPI da COVID do senado Federal, pelas formas que pudermos. Outra é apoiarmos à luta das Universidades, ameaçadas de fecharem, por conta das verbas sonegadas pelo Governo Federal… Façamos tudo quanto estiver a nosso alcan-ce para que a dignidade e os direitos de todos e todas sejam respeitados, haja vacina e condições de superação da pandemia, quanto antes… No momento, é o que nos cabe fazer para que nossa Cidadania Celeste se afirme nesta nossa terra crucificada, “em nome de Jesus” glorificado!

<<Por que ficais aqui, parados, olhando para o céu?…>>

Essa pergunta, que “dois homens vestidos de branco” fizeram aos apóstolos, Jesus nos faz a cada um, a cada uma, de nós, neste momento de profunda comunhão com Ele… “Até que Ele venha”, há muito o que se fazer.
Aqui e agora, neste ano em curso, muita coisa, na vida deste país nos desafia… São muitos os “sinais dos tempos” a nos interpelarem:
– o desmonte de todas as políticas públicas no campo da Educação, da Saúde, da Habitação, da Cultura, dos Direitos humanos, dos Povos Originários, dos Quilombolas;
– o desemprego crescente;
– as consequências da famigerada “Reforma trabalhista”…
– A ameaça da “Reforma da Previdência”;
– A avalanche das privatizações das maiores riquezas do país em benefício do capital estrangeiro;
– A criminalização dos Movimentos Sociais;
– A devastação da pandemia;
– A carestia e a fome de tanta gente…
Nossa Fé Cristã tem tudo a ver com essa realidade complexa e desafiante.
Seria uma vergonha, o alheamento, a alienação das Igrejas, a indiferença e a omissão dos Cristãos e Cristãs.
Como cantava um canto do início da Reforma Litúrgica:

 <<A missa terminou… começou nossa missão!”

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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