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De vez em quando a história acelera o passo. E´ o que está acontecendo no continente americano. Ao menos é o que se depreende dos depoimentos dos membros do Conselho do Sínodo da América, que fizeram sua reunião anual na semana passada. De todas as reuniões feitas até hoje, desde 1998, foi a que mais testemunhou a intensidade de mudanças em andamento, em quase todos os países, nas três Américas e no Caribe.

Nos Estados Unidos o sinal mais evidente da mudança está no resultado das recentes eleições presidenciais. Elas sinalizam não só o desejo de sair dos impasses dos equívocos militares, cometidos em nome de uma prepotência que já não se justifica, nem tem mais o respaldo de uma superioridade bélica que já se tornou ineficaz.  O país se defronta sobretudo com a falência de um sistema econômico que se pretendia auto justificável, mas que na verdade estava baseado na especulação financeira, e no endividamento que estimulava a gastança, cujo preço começa agora a ser cobrado.

Percorrendo o mapa do continente, em quase todos os países os sinais de alerta estão acesos. A Guatemala continua com a incumbência de deter o ritmo de migração para o norte, como país incumbido de fechar suas fronteiras com o México, que serve de passagem aos Estados Unidos.  A inquietação se alastra nos outros países da América Central.

Na América do Sul, a ebulição política se faz presente em quase todos os países. Continua pertinente a observação do documento de Aparecida, que reconheceu o progresso democrático “em diversos processos eleitorais”.

As eleições realizadas na Venezuela neste domingo dia 23 de novembro, confirmam que a aposta no jogo democrático continua válida. Iisto é um sintoma positivo. O Presidente Chavez venceu na maioria dos Estados, mas perdeu a prefeitura na capital federal. Até que as opções políticas são confiadas à decisão dos eleitores, continua a esperança da consolidação democrática em nossos países.

Outra constatação interessante, trazida pelos participantes da reunião do Sínodo da América, é a surpreendente acolhida que vem tendo o documento de Aparecida, em todas as Conferências Episcopais da América Latina. Com a observação interessante, de que o documento de Aparecida acabou recuperando a validade do próprio documento do Sínodo da América., que a partir de Aparecida acaba mostrando melhor o seu valor.

Isto, com certeza, mostra a conveniência de priorizar as iniciativas locais, que têm mais chances de responderem à realidade. Aí a preciosidade da tradição latino americana de realizar, periodicamente, suas “Conferências Gerais”.   Tanto é verdade que, ao contrário da África, onde já está sendo preparada uma nova edição de um “sínodo continental”, para a América não se vê esta conveniência, dado o intenso trabalho de assimilação do documento de Aparecida, que ainda está em curso.

Em alguns países a tensão política é mais intensa. Talvez aquela que mais merece compreensão, é a da Bolívia, onde a situação política tem fortes componentes culturais, o que a torna mais complexa. Lá a presença da Igreja, com o peso de sua credibilidade, está se mostrando muito válida.

Outra situação vista com expectativa é a do Paraguai, onde as propostas de mudanças que deram a vitória eleitoral ao bispo Lugo,  assumem agora o desafio de colocá-las em prática.

Em todo o caso, quando a história acelera seu ritmo, sentimos o desafio de acertar o passo com ela. O que, certamente, exige de nós mais atenção, e mais abertura de espírito também.01.12.2008

Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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