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Em tempos de crise ganha dinheiro quem sabe aproveitar as oportunidades. Entretanto há a maneira lícita de ganhar dinheiro nesses momentos e há o oportunismo amoral, que se aproveita das situações difíceis para lucrar.

Um bom exemplo disso é o setor imobiliário, quando pessoas desesperadas vendem imóveis por preços muito abaixo do valor, porque precisam de dinheiro e, quem vai comprar, lhe oferece muito menos do que deveria, com a exata intenção de lucros absurdos em cima da desgraça dos outros.

Por outro lado, nessa pandemia, para o setor de vendas e serviços que se reinventou e implementou ou incrementou serviços de entrega em domicílio, conseguiu manter seu negócio com uma via de mão dupla: manteve ou até aumentou suas vendas e , ao mesmo tempo, facilitou a vida das pessoas que estão fazendo isolamento social.

Em mais de um ano de pandemia, sem a menor dúvida, a crise na economia é grave, não podemos negar, mas, o tamanho da crise sanitária e de saúde é bem maior e mais grave. Claro que existem dezenas de serviços que sucumbiram à crise, por não ter alternativa de entrega em domicílio, mas, na situação grave em que se encontra o Brasil, com mais de 13 milhões de registros de infectados pela covid, com a perda de mais de 4 mil vidas em 24 horas, mais de 360 mil perdas em 13 meses e com desesperadora previsão de que esse número chegue a 500 mil em junho, não é o momento de nenhuma atividade voltar a ser presencial, muito menos escolar. Justamente quando estamos vendo se espalhar mais uma variante do coronavírus que está atingindo os mais jovens e as crianças.

Recentemente saí de casa para resolver uma questão, no sábado final de tarde e o que vi, me indignou e irritou. Sem medo de estar exagerando posso afirmar que 80% das pessoas que vi nas ruas, enquanto passava, estavam sem máscaras ou, no máximo, com a máscara protegendo o queixo.

Vi pessoas saindo de uma grande loja, sem máscara. Loja que, aliás, deveria estar cheia, pela quantidade de pessoas que vi saindo de lá.

Se as pessoas adultas, que leem, ouvem, veem, todos os dias os números dos infectados e dos mortos por covid aumentando, andam sem a mínima proteção, aglomeram, passeiam, visitam amigos e familiares, como esperar que crianças, adolescentes e jovens se comportem diferente nas escolas? Reabrir as escolas é expor os alunos, professores e funcionários a um risco de morte.

Risco de morte sim porque têm morrido jovens em faixa etária muito baixas, por causa da covid. Famílias inteiras têm se contaminado, porque um membro da família se contaminou e, nos encontros familiares, aparentemente sem risco, levou o vírus de penetra na festa.

Com uma variante chegando às crianças cada vez mais novas, como abrir escolas em um momento cada vez mais grave? E aqui, salientando que os profissionais da educação não foram prioridade de vacinação antes da volta às aulas.

Sabemos que há uma pressão dos pais e responsáveis para que as escolas particulares reabram, inclusive com aumento de inadimplência. Mas as escolas públicas não vivem da mensalidade dos alunos e são esses alunos os que têm reais dificuldades em acompanhar as aulas virtuais, por dificuldade de acesso até mesmo a um celular. Mas garanto que, se o Estado distribuísse, ao menos, um celular para cada jovem cuja família nem a isso tem acesso, não iria falir e, os custos dessa compra e distribuição, seriam compensados pela economia nas despesas de manter uma escola aberta.

No caso das instituições particulares, o medo de falência é real, eu sei, porque pais estão deixando ou ameaçando deixar de pagar as mensalidades, se as aulas não voltarem a ser presenciais. Sim porque muitos pais não suportam mais a ideia de conviverem o dia inteiro com seus filhos. No geral, os pais que pagam escolas particulares, são os que podem fazer isolamento social e ou trabalhar em casa ou não trabalham. E uma parte desses pais não estava acostumada a cuidar dos próprios filhos e a conviver com eles 24 horas por dia. E aí eu de pergunto a esses pais que deixam ou ameaçam deixar de pagar a mensalidade, caso as aulas continuem virtuais: o que é pior, aguentar os filhos em casa o dia todo ou eles pegarem covid e morrerem? Vale a pena esse risco por algumas horas de silêncio?

Claro que é difícil manter essa turma dentro de casa, muitas vezes em espaços apertados. Mas expor os filhos e filhas ao vírus não é a solução. Mesmo com o processo de vacinação em andamento, com uma parte da população já tendo tomada a segunda dose da vacina, todos os protocolos precisam ser mantidos, até que, ao menos, 70% da população esteja vacinada.

Covid não é uma gripezinha, o coronavírus está cada vez contaminando e evoluindo mais rápido e com novas variantes surgindo, corremos o risco de as vacinas atuais não serem suficientes para nos proteger.

Se você é daquelas pessoas que não está nem aí para a covid, mas quer é que seus filhos vão para escola regularmente, não consegue se imaginar sem ir ao salão de beleza ou à academia diariamente, se você acha que máscara não protege e que ira ao restaurante, ao café ou ao barzinho, encontrar com os amigos, não é nada demais, sinto muito lhe dizer, mas você integra um desprezível grupo de irresponsáveis e é um risco para você mesma, sua família e seus amigos.

Um professor foi tomar a primeira dose da vacina, encontrou um aluno, se cumprimentaram. O aluno estava contaminado e não sabia. O professor levou, sem saber, o vírus para casa. Contaminou a esposa, filhos e neto. A família enfrentou a barra pesada da covid, mas está em casa, se restabelecendo. Ele está há duas semanas entubado, lutando pela vida. Acredite-me, o preço a pagar por um encontro presencial, é muito alto. Não vale a pena. Nunca.

As conversas presenciais, os abraços e beijos precisam voltar a ser de alegria e não sofridos, em um velório de uma pessoa querida. Queremos dar parabéns às pessoas queridas e não pêsames. Queremos chorar de alegria pelos reencontros e não pelas despedidas.

Vamos aprender a conviver com quem colocamos no mundo, os nossos filhos e filhas.  Digamos NÃO à volta às aulas presenciais. Vamos cuidar uns dos outros. Deixemos os lucros para tempos melhores. Vamos colocar a vida acima de tudo.

Obs: A autora é jornalista,  blogueira e Assessora de Comunicação 

e-mail: [email protected]
blogs – www.misturadeletras.wordpress.com
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website – www.jornalistasweb.com.br

Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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