Nesses dias  difíceis que vivemos, longe dos amigos, dos  afazeres do dia a dia, privados das viagens em busca de novos horizontes, de novos conhecimentos, de novas experiências, sem dúvida, nosso peito sente um aperto, o coração acelera, a respiração fica sufocante e algumas vezes até os sonhos ficam limitados. Cansados de uma rotina,  que nos fora imposta, podemos nos sentir, irremediavelmente, prisioneiros. Segurança e vigilância são as palavras de ordem. Não fomos nós que optamos por isso, mas é uma decisão que devemos estar conscientes a tomar. A situação dói, maltrata, nos priva de tantas coisas, contudo é uma decisão inevitável, afinal precisamos preservar nossas vidas.

Mas nesses momentos de prisão, não  escolhidos por nós, imediatamente nos traz uma reflexão: estamos isolados, mas somos livres, temos o livre arbítrio e ainda podemos sonhar e assim voarmos. Sim podemos voar na hora que quisermos e para onde desejarmos. E os passarinhos?

Há muito já manifestaram: “passarinho que voa não quer saber de gaiola”. Por que então privarmos um passarinho de seu voo livre, independente, na altura da capacidade de suas asas? Por que  aprisionarmos esses seres maravilhosos que embelezam a natureza, com suas plumagens estonteantes, com seus cantos de encantamento incomensurável? Por que limitarmos suas vidas a uma gaiola?

Não nos iludamos por ouvirmos os seus cantos, mesmo estando numa gaiola. É preciso que percebamos que seus cantos de aprisionados, não têm as mesmas riquezas sonoras de seus cantos em liberdade. Não são cantos de felicidade e sim cantos de melancolia. São manifestações de seus corações sofridos, pelas prisões que lhes fora impostas, por nossos corações insanos. Como dissera o poeta: “Passarinho na gaiola canta, mas a dor não passa”

Vamos refletir nesse período de isolamento que vivemos. As palavras de ordem segurança e vigilância devem ser cumpridas, mas não esqueçamos de uma palavra fundamental para todos os seres vivos: liberdade. Assim abramos as portas das gaiolas dos passarinhos, vamos deixar que eles gorjeiem de felicidade e não de tristeza e acima de tudo: abramos os nossos corações, ele não precisa de isolamento, assim possamos amar e vivermos livres.

Obs: O autor, Prof. Dr. Rômulo José Vieira é Acadêmico da Academia de Ciências do Piauí; Acadêmico da Academia de Medicina Veterinária do Piauí; Acadêmico correspondente da Academia de Medicina Veterinária do Ceará; Acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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