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1 – QUEREMOS VER JESUS!
João 12,20-33

O Evangelho escrito por João está organizado por “semanas”. A última semana começa como a primeira: gente querendo conhecer Jesus; um chamando o outro; Jesus se apresentando, à sua maneira, aos que querem vê-lo e segui-lo…

 O tempo da Quaresma é, com certeza, o tempo mais propício para reacender nos corações a chama desta santa curiosidade, deste anseio maior: querer ver Jesus, conhecê-lo mais profundamente, segui-lo mais decididamente, pelo seu caminho…

 E Jesus não deixa ninguém iludido:
– é preciso crer na capacidade que “o grão de trigo” tem de, enterrado, brotar de novo, mais cheio de vida do que nunca…
– é preciso aventurar-se no jogo da vida verdadeira, onde ganha quem perde a vida pela causa maior, por amor aos outros, em obediência à vontade do Pai…
– é preciso estar com Ele, lá onde ele se encontra, elevado na CRUZ, a cruz da entrega total pela causa do Reino da Vida!

 

Somente assim, seremos glorificados pelo Pai, juntamente com Jesus… Somente assim, nosso testemunho atrairá as pessoas a Jesus e ao Reino por Ele anunciado, pelo qual ele deu a vida.

* * * * *

 A Campanha da Fraternidade, todo ano, nos convoca, como Igreja, a encarar o mundo, a sociedade, a realidade, a con-juntura… a abrirmos os olhos para os “sinais dos tempos”, especialmente para os mais precisados, e percebermos o que nos desafia (VER)… e à luz da fé cristã, dos valores do Reino, escutarmos os apelos da História e de Deus (JULGAR) no sentido de darmos respostas concretas,  participando, com todas as pessoas de boa vontade, da construção de um mundo de Justiça e de Paz (AGIR)… Essa é a Igreja que renasceu do Concílio Vaticano II, há 50 anos!… Essa é a Igreja animada por Papa Francisco com “A alegria do Evangelho”… Essa é a Igreja de quem entendeu qual é a de JESUS! Mas, quem está a fim de “ver Jesus” e acolher sua proposta?…

 Será imensa a procissão dos penitentes!
– Que teu perdão me inunde de alegria!
E um espírito generoso me sustente
Ensinarei aos maus as tuas vias,
Será imensa a procissão dos penitentes

1980 – 24 de Março – 2021
SANTO OSCAR ROMERO PASTOR, PROFETA E MÁRTIR DAS AMÉRICAS

 4ª. Feira que vem, vamos comemorá-lo. Seu testemunho tem tudo a ver com o espírito da Campanha da Fraternidade Ecumênica, e, coincidentemente, com o Evangelho deste 5º Domingo da Quaresma.

Oscar Arnulfo Romero nasceu no dia 15 de agosto de 1917, na cidade de Barrios, em El Salvador. Estudou em El Salvador, com os Claretianos e com os Jesuítas, até 1937, e em Roma, na Universidade Gregoriana, até 1943. Voltando a seu país, na diocese de San Miguel, foi pároco de Anamorós; depois, reitor da Catedral de San Salvador e reitor do Seminário Interdiocesano. Foi, ainda, secretário geral da Conferência Episcopal Salvadorenha e, desde 1967, secretário executivo do Conselho Episcopal da América Central e Panamá. Em 03 de maio de 1970, foi nomeado bispo auxiliar, e, em fevereiro de 1977, arcebispo de San Salvador.
Poucas semanas após sua nomeação como arcebispo, o padre jesuíta, Rutílio Grande, com mais dois catequistas, foram assassinados, a mando das forças opressoras e repressoras que dominavam o país. O martírio deles fez com que Dom Oscar Romero assumisse, decisiva e definitivamente, seu compromisso profético com o povo salvadorenho, fazendo-se a voz dos sem voz e sem vez, enfrentando o império da morte.

     Seu trabalho pastoral e de defesa dos Direitos Humanos foi reconhecido internacionalmente. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Georgetown, na Guiana, e da Universidade Lovaina, na Bélgica. Poucos dias antes de sua morte, recebera o Prêmio da Paz da Ação Ecumênica Sueca “em reconhecimento ao seu trabalho, baseado na mensagem do Evangelho e sua grande ajuda a favor dos oprimidos”.

     Dom Oscar Romero foi assassinado no dia 24 de março de 1980, no momento em que celebrava a missa na capela do Hospital Divina Providência, em San Salvador. Enquanto pregava o Evangelho, um franco-atirador, com tiro certeiro, atingiu-lhe o peito. Sua morte foi instantânea, à frente de centenas de fiéis. Mas ele já havia profetizado: “Se me matarem, ressuscitarei na luta do meu povo!”

    Dia 14.10.2018, Papa Francisco o reconheceu oficialmente como “SANTO” da Igreja Católica, depois de anos de não reconhecimento pelo Vaticano

 

2 – Semana Santa

Se tivermos levado a sério a Quaresma que está terminando…
Se a esta altura da nossa vida, Jesus Cristo tiver se tornado, realmente, a grande referência da nossa vida…
Se, no Domingo de Ramos,
a homenagem que vamos fazer ao Rei dos Pequeninos
sair do fundo de um coração solidário…
Se ao contrário dos que conspiram para morte do Senhor,
a gente se juntar com quem luta pela causa da vida…
Se a celebração da Reconciliação
nos fizer experimentar a Paz, fruto da conversão  e do perdão…
Se os TRÊS DIAS de comemoração do MISTÉRIO PASCAL,
nos fizerem, de fato, vivenciar a passagem do Deus Libertador,

  • por uma comunhão profunda
    com aquele que lava os pés dos outros
    e nos manda fazer o mesmo…
  • por entendermos qual é o segredo do Pão e do Vinho partilhados, “em sua memória”…
  • por desvendarmos o significado maior da sua Cruz
    e resolvermos tomar a nossa, indo atrás dele,
    no caminho do amor de quem dá a vida pela causa da vida!…
  • por, finalmente, chegarmos a vibrar com o ALELUIA da Ressurreição,
    porque nos sentimos de pé com Aquele que venceu a morte
    e queremos fazer acontecer o Reino da PAZ,
    a Terra Prometida,
    aqui e agora.

 Boa Semana Santa!
Procure chegar pontualmente para cada celebração.
Melhor ainda se puder chegar um pouco antes, para o ensaio.
Melhor ainda mais, se você se dispuser a colaborar
na preparação da cada celebração,
dando suas sugestões,
assumindo tarefas e colaborando como puder,
para que tudo se faça de maneira bonita e significativa
para o proveito espiritual de todos e todas que virão participar.
Você vai ver como esta experiência vai torná-lo(a) feliz,
diferente, melhor, o que vai, com certeza, contribuir para que o mundo, em torno de você, melhore também.

3 -“Alegria de pobre dura pouco”

O Domingo de Ramos, abertura da Semana Santa:
nós o dedicamos, primeiro,
à comemoração da Entrada de Jesus em Jerusalém.
É sobretudo o povo pobre, os pequeninos, as crianças,
quem mais se alegra com este rei diferente, simples, humilde
e cheio de mansidão, o Rei dos Pequeninos!

 Mas, naquele tempo, a festa foi só por um momento,
pois logo os poderosos e invejosos se reuniram
para tramar a morte de Jesus.
Por isso, num segundo momento,
a gente faz memória da “conspiração” contra nosso Senhor.
“Alegria de pobre dura pouco!”, sempre foi assim.
E o Domingo de Ramos é também o da Paixão!

 De qualquer maneira,
a Entrada triunfal de Jesus na Cidade Santa do seu povo
foi já um ensaio da sua vitória final, da sua glória definitiva.
A dor, a tortura, a morte vêm aí, mas a última palavra será da VIDA!
E o luto, o roxo, desses primeiros dias da Semana Santa
será vivido, então, em profunda solidariedade
com todos os que hoje sofrem as consequências
da maldade do mundo,
e continuam em sua carne a Paixão de Cristo,
mas na firme certeza de que a luta a favor da vida vale a pena,
pois o destino de quem dá a vida pela Vida e a felicidade dos outros
é a Ressurreição!

 Assim foi com Jesus,
assim será com os que seguem a Jesus,
no caminho da cruz, isto é, do amor apaixonado pela humanidade,
do tomar para si a dor alheia,
do colocar-se a serviço de quem mais precisa,
da solidariedade, da renúncia por amor,
da partilha generosa dos bens,
da militância capaz de correr riscos pela causa da justiça e da paz,
para que os sem vez deste mundo
“tenham vida e a tenham em abundância”

 Passaremos esta Semana Maior, mais um ano, isolados em nossas casas…
Os que temos essa condição, pois a maioria dos pobres vai continuar arriscando-se, indo em busca do pão de cada dia, por conta de um auxílio emergencial que não chega… E o que está pra chegar é uma migalha, pois apenas dará para comprar um terço da sexta básica…

Após esse breve momento de festa, que é a alegre comemoração da Entrada de Jesus na Cidade Santa do seu Povo, os primeiros dias da Semana Santa, nós os vivenciaremos num clima de luto e solidariedade com as mais de 300.000 vítimas fatais da pandemia e suas sofridas famílias, os crucificad@s de hoje, todos eles e elas, vítimas do descaso sistemático dos governantes deste país, rico e desigual… e do descuido irresponsável das pessoas que teriam condições de manter-se em distanciamento e preferem aglomerar-se em praias e baladas… É a Paixão de Cristo, hoje, aqui e agora.

Mas esse luto só será honesto e significativo, se igual empenho tivermos na luta solidária por derrubar os poderosos dos seus tronos e possibilitar que os humilhados e oprimidos se ergam para uma vida de liberdade, dignidade e Bem Viver!

Abramos os olhos e informemo-nos sobre tantas frentes de luta, tantas inciativas e ações em busca de Direitos que precisam ser respeitados e mudanças que precisam ocorrer. Façamos nossas escolhas e engajemo-nos. Ou então, inventemos nossas próprias inciativas e ações… Sejamos solidários pelas formas que soubermos e pudermos. Só não podemos ficar acomodados, se quisermos cantar o Aleluia de Ressurreição!

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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