Ela entrou como se a casa fosse sua. Deitou-se na poltrona sem se importar em deixar de fora as pernas grossas e perfeitamente torneadas. Ele ficou a olhá-la, sem saber o que dizer. Com um braço apoiado atrás da cabeça ela olhava os quadros na parede como se estivesse a avaliar seu valor. De repente, olhou para ele:
– Meu nome é Capitu. Já nasci pra ser infiel.
Ele não entendeu. Perguntou sobre o que ela falava. Ela riu e se levantou.
– Se você não sabe quem é Bentinho não merece ter uma Capitu.
Pegou a bolsa e se dirigiu à porta. Ele a segurou pelo braço e disse:
– Como assim? E o nosso combinado?
Ela o olhou de cima abaixo com seus olhos oblíquos.
– Sou uma garota de programa, mas escolho com quem me deito. E não me deito com quem não lê.
Foi embora. E ainda bateu a porta.
Obs: A autora é mineira. Formada em- Letras pela UFMG, pós-graduou-se na UEMG em Administração Escolar. Às vezes é prosa, outras, poesia. Participou de várias coletâneas, Livro da Tribo, revistas e jornais literários, impressos e virtuais, com poemas, crônicas e contos. Publicou três livros de poesia pela Editora Penalux: Equilibrista (2016), Pontiaguda (2017), Náufraga (2018). Nesse ano, 2020, publicou seu primeiro livro de contos – O Insuspeitável perigo do instante-beijo e outros contos –