Poema,
carta astuta,
substituta,
carta coringa,
ecoando sentimentos.
Rio de felicidades,
corredeira de lamentos.
Poema não se explica
nem se acredita.
Coringa, apenas coringa,
cheio de manha
e de mandinga.
Poema é poema
e mais nada.
Coisa privada
aberta ao público
para passeio.
Erra quem pensa
que nele se enquadra.
Não há quadrante certo
para incerta inspiração.
Um quê de delírio
disfarçado de brilho,
feito treva iluminada.
Dilaceramento
sem anestésico,
um ajeitar do que se rejeita.
Um brinde às divindades
e ao silêncio dos covardes.
Um moer sentimentos,
esfregar de nódoas
humanas.
Um amanhã
pegando o trem do ontem
com passagem para hoje.
Um beco sem saída,
labirinto ou infinito.
Não importa se soluço ou riso.
Não importa
se a madeira é lisa
ou talhada.
Poema é só poema
e mais nada.
Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/
Imagem da autora (Olinda/PE)