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1 – Festa da Apresentação do Senhor – 2 de fevereiro
Lucas 2,22-40

40 dias após o Natal: no Oriente, Festa do ENCONTRO! No Ocidente, Festa da Apresentação! No meio popular, Festa de N. S. da Luz… Festa da Mãe de Deus das Candeias… “Naquele tempo”, um pai e uma mãe vão ao Templo de Jerusalém, fazer a oferta de seu primogênito… E se surpreendem com a festa que lhe fazem duas pessoas idosas, sedentas de Deus e do seu Reino. Ambas identificam, exatamente na-quela criança, Aquele que vem como LUZ das nações! Embora já se preveja que será “sinal de contradição”, e se prenuncie a “passagem” da Cruz…

Nós hoje, aqui e agora, com corações agradecidos pela graça de crer em Jesus, idosos e jovens, saudemos a Eterna Juventude de Deus, na pessoa do filho de José e Maria, o Filho de Deus, Luz do Mundo!… E procuremos segui-lo, de tal maneira, no cotidiano de nossas vidas, que nos tornemos reflexo dessa luz, nos ambientes em que vivemos, onde, muitas vezes, as trevas ameaçam…

Tenhamos presente a conjuntura que vive este país e, muito especialmente, o recrudescimento da pandemia e as incertezas quanto à vacinação da população… o agravamento da miséria com o fim do auxílio emergencial… o cenário político sombrio, a partir das eleições das presidências da Câmara e do Senado…

Vem aí a Quaresma e a Campanha da Fraternidade nos desafiando à prática do DIÁLOGO, para que a LUZ do Ressuscitado, aos poucos, faça raiar um novo tempo!

 2 – DOMINGO DA DIVINA INCLUSÃO
Marcos 1,29-39

Doentes são curados. Possessos são libertados. Curados e libertos se inserem com dignidade na comunidade humana, com o gosto de servir e exercer a sua cidadania.

É assim que o Reino de Deus vai se tornando realidade e a vontade do Pai vai acontecendo “na terra como no céu”. É assim que o paraíso perdido vai sendo resgatado.

O sol vai se pondo, a noite, chegando, no entanto, para este povo que jaz “na sombra da morte”, uma luz se levanta e nasce um novo dia. É festa em Cafarnaum.

Pode-se dizer o mesmo dos nossos domingos, das nossas comunidades cristãs?… Estamos chegando de uma semana de ver sofredores e excluídos de toda sorte se libertando, revivendo, graças aos milagres da nossa solidariedade?…

Podemos honestamente celebrá-lo e cantar?…

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Estamos iniciando a segunda semana do segundo mês do novo ano. O que está em questão ao realizarmos nossa celebração dominical é a verdade da nossa vida, da nossa fé, do nosso compromisso com JESUS, com o Evangelho do Reino, como discípulos e discípulas, missionários e missionárias. Preparar bem a Campanha da Fraternidade é, com certeza, o grande apelo do momento. Prepararmo-nos para VER bem e em profundidade o que ocorre em nosso país, devastado pela pandemia, dividido pelo ódio, desgovernado pelos poderes da República… Nosso JULGAR será feito à luz Evangelho, da mensagem libertadora de Jesus de Nazaré, que nos acompanha como acompanhou os discípulos a caminho de Emaús… Nosso AGIR, será nossa resposta concreta aos desafios da pandemia, do ódio e da necropolítica, cultivando o diálogo que constrói solidariedade, desfaz preconceitos e mobiliza para a luta por direitos, pela VIDA!… Pela frente, mudanças pessoais, transformações sociais,
uma Páscoa de Ressurreição
e Libertação para se CELEBRAR!

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 CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA

Fraternidade e diálogo: compromisso de amor.

<<CRISTO É NOSSA PAZ:

DO QUE ERA DIVIDIDO FEZ UMA UNIDADE!>>

Oremos:

Livra-nos, Senhor, deste vírus, mas também de todos os outros que se escondem dentro dele.

Livra-nos do vírus do pânico disseminado, que em vez de construir sabedoria nos atira desamparados pra o labirinto da angústia.

Livra-nos do vírus do desânimo que nos retira a fortaleza de alma com que melhor se enfrentam as horas difíceis.

Livra-nos do vírus do pessimismo, pois não nos deixa ver que, se não podemos abrir a porta, temos ainda a possibilidade de abrir janelas.

Livra-nos do vírus do isolamento interior que desagrega, pois o mundo continua a ser uma comunidade viva.

Livra-nos do vírus do individualismo que faz crescer as muralhas, mas explode em nosso redor todas as pontes.

Livra-nos do vírus da comunicação vazia em doses massivas, pois essa se sobrepõe à verdade das palavras que nos chegam do silêncio.

Livra-nos do vírus da impotência pois uma das coisas mais urgentes a aprender é o poder da nossa vulnerabilidade.

Livra-nos, Senhor, das noites sem fim, pois não deixas de recordar que tu mesmo nos colocaste como sentinelas da aurora.
Do poeta português Cardeal José Tolentino Mendonça

 

3 – DOMINGO DA DIVINA LIBERTAÇÃO
Mc 1,40-45

Em cena, de um lado, um leproso que quer ser curado e aposta no poder de Jesus…

do outro, alguém que se compadece e faz valer o seu poder de curar.

Em questão, por uma parte, a lepra,
síntese de todos os preconceitos e de todas as exclusões… por outra, a importância de alguém que vem para romper barreiras, abrir portas e fazer valer a dignidade de toda pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus.
Em pauta, primeiramente, a postura pessoal de cada um, de cada uma de nós, chamados a superar toda hipocrisia e a nos colocarmos diante de Jesus com a consciência sincera de nosso pecado, de nossas fraquezas e misérias, mas inteiramente confiantes na sua misericórdia…
Em seguida, nossa atitude frente a todos os que são vítimas do preconceito, da rejeição ou do abandono: Jesus conta com a gente para continuar hoje, aqui e agora, sua missão libertadora.
Daí por diante, muita coisa poderá acontecer e nossas celebrações e, especialmente, o nosso canto, só farão repercutir o poder da divina misericórdia.

* * * * *

Para muita gente neste país este domingo está sendo de imensa tristeza. Um “Domingo de Carnaval” sem Carnaval… Famílias marcadas pelo luto, por haver perdido recentemente pessoas queridas, vítimas da pandemia… Artistas impossibi-litados de mostrar sua arte e ganhar seu sustento, juntamente com muitas outras pessoas que vivem desses eventos… Uma multidão de desempregados e desa-lentados… Um programa de vacinação que chega atrasado, e se arrasta lento e sem perspectiva de chegar para todos… Um cenário político e econômico Sombrio. Uma parcela grande da população iludida e manipulada… A militância política e sindical acuada pelas restrições da crise sanitária… Para nós cristãos chega logo mais a Quaresma com os apelos da Campanha da Fraternidade Ecumênica: somos convocados a dialogar paciente e amorosamente com as pessoas de nossa convivência sobre essas realidades… Juntarmos pessoas e grupos numa frente só de luta por direitos, por mudanças estruturais na organização da sociedade, que garantam dignidade e BEM VIVER para todos os filhos e filhas de Deus.

 

4 – Quarta-feira de Cinzas: O GRITO DA QUARESMA!
Mt 6,1-6.16-18

 Jejuar… Dar esmola… Orar… Essas palavras têm ainda hoje alguma atualidade e atrativo?… Poderão ainda motivar alguém, sobretudo a juventude, para alguma iniciativa a respeito da própria vida, da vida da humanidade, da vida espiritual?…

Talvez seja apenas questão de entender o espírito da coisa e encontrar os termos de hoje para dizer coisas que continuam sendo importantes, e o serão sempre:

  • Disciplinar-se na satisfação dos próprios instintos, no contexto dos apelos consumistas cada vez mais invasivos e insistentes, terá alguma coisa a ver com a saúde física, mental e ambiental, das pessoas e do planeta?… É disso que se trata, quando os antigos falam “jejuar”… O que importa é cada um encontrar o seu “método” de vida…
  • Ser solidário com as pessoas e com o planeta, abraçando as grandes causas da justiça e do meio ambiente, sem esquecer as oportunidades do cotidiano, quando te batem à porta… Faz algum sentido?… É disso que se trata, quando os antigos falam “dar esmola”… E há tanto o que cuidar!
  • Abrir-se para o Mistério, permitir essa sintonia fina com o Grande Outro, com “fome e sede da Justiça”, acolhendo “os sinais dos tempos” como apelos de Deus… É algo que tem a ver com você?… É disso que se trata quando os antigos falam em “oração”… Perda de tempo ou urgência profunda?…

 A celebração desta Quarta-Feira de Cinzas, passados os dias da brincadeira e da descontração, vale como um “Grito”, um alerta. É um convite de JESUS a assumir essas três práticas tradicionais, como jeito sério e eficaz de caminhar para a Páscoa, no seguimento d’Ele, em demanda da Vida Nova e da Terra Prometida! Vamos lá?…

5 – DOMINGO DAS TENTAÇÕES E DO CHAMADO
Marcos 1,12-15

O Evangelista Marcos melhor não poderia ter dito tanto com tão poucas palavras. Observemos, então: – como JESUS, depois de batizado, conduzido pelo Espírito, primeiro, foi fazer um longo retiro no deserto, lugar de solidão e silêncio, onde todas as forças do Bem e do Mal parecem fazer-se sentir com toda a sua força e poder de persuasão e pressão… E aí, Jesus foi testado pelo Maligno, que, com certeza, queria tirá-lo da jogada… Marcos, não entra em detalhes. Mas podemos supor, a partir dos relatos de Mateus e de Lucas, que, na força da Palavra de Deus, Jesus soube “tirar de letra” e fazer valer a vontade do Pai, os valores do Reino que ele iria, logo mais, anunciar…

a pergunta que sobra para nós: diante das realidades no meio das quais hoje vivemos, em nossos momentos de oração e retiro, conseguimos discernir o que Deus quer de nós e enfrentar com lucidez e coragem as tentações de hoje?…

a essência da mensagem de Jesus: o REINO! Que Reino será esse?… Uma leitura caprichada das páginas do Evangelho poderá ajudar-nos a compreendê-lo… Sobretudo, se a fizermos de olho no que acontece, hoje, em torno de nós…

Mas, para que o Reino anunciado por Jesus aconteça, vamos precisar mudar de vida e aderir de coração à proposta do Mestre, o Evangelho, a novidade daquele que venceu a morte porque deu a vida por amor. Não há outro caminho ou alternativa (1Pd 3,18-22).

 A Quaresma é nosso longo retiro anual. Tempo de silêncio, de escuta, de oração. Tempo de discernimento e de engajamento: dar-se conta dos apelos que nos são feitos. Estamos atentos à realidade social: uma conjuntura onde o poder da mídia, o tempo todo, nos alicia, seja para o consumismo, seja para a alienação política e a enganação dos poderosos?… Estamos atentos aos apelos que, há mais de  50 anos, são feitos: sermos uma Igreja comprometida com as angústias e as esperanças da Humanidade, uma Igreja solidária e comprometida com a transformação da sociedade, para que a vontade do Pai se faça “assim na terra como no céu”?… Somente assim, cessarão as violências que nos atormentam. E essa será nossa Campanha da Fraternidade Ecumênica em 2021, nossa resposta ao chamado de Jesus: dialogar com uma população dizimada pela pandemia… iludida pela indústria da mentira… em parte, angustiada pelas incertezas da vacinação… em parte, despreocupada com as medidas de prevenção… ameaçada por uma escalada sistemática de retirada de direitos sociais, trabalhistas, previdenciários… precisando ser escutada e ajudada a entender o que se passa e o que fazer, em busca de direitos, dignidade e VIDA! Por aí caminharemos, DIALOGANDO COM AMOR, por caminhos de PÁSCOA, de libertação, em comunhão com Aquele que deu a vida por amor, para que tenhamos vida em abundância… E, fazendo caminho, cantaremos, logo mais, o ALELUIA da Ressurreição!

 6 – Subindo a montanha da TRANSFIGURAÇÃO e descendo à planície da cotidiana DOAÇÃO!
Marcos 9,2-10

 Aconteceu no alto da montanha… Aconteceu a caminho de Jerusalém…

Aconteceu depois da profissão de fé de Simão Pedro e do primeiro anúncio da Paixão…

Aconteceu num momento de oração: recordando Moisés e Elias, a Lei e os Profetas, questionando-se, diante do Pai, sobre o que o esperava pela frente, Jesus toma plena consciência da sua missão, do seu destino e do desfecho de tudo isso. Somente “pela CRUZ, se chega à LUZ!”.

E seu rosto se iluminou e resplandeceu.

Mais uma vez, diante da entrega confiante do Filho, o Pai não consegue ficar calado: “Este é o meu Filho, o Eleito.

Escutai-o!”

Pelo gosto dos três discípulos que o acompanhavam, eles ficariam por aí…

De repente, tudo volta ao normal: o brilho da face de Jesus se apagou e, agora, importava descer à planície do cotidiano e encarar o que estava por acontecer em Jerusalém…

A Quaresma chega, assim, à sua segunda semana. O convite à oração, com Jesus, é evidente, mas orar só tem sentido se for para a gente se colocar no contexto das realidades que nos desafiam, sermos iluminados pelos Profetas e Evangelistas, e nos dispormos a seguir Jesus, num caminho sem volta, que é o do “dar a vida” para que haja “vida em plenitude!”

A Campanha da Fraternidade e tudo mais que se planeje para este Tempo, em termos de atitudes e iniciativas individuais e coletivas, só terão consistência, se brotarem dessa experiência espiritual fundamental de seguimento de Jesus, subindo a montanha e descendo à planície…

E assim a gente vai “caminhando e cantando e seguindo a canção”!

 QUARESMA, TEMPO DE LUTO E DE LUTA!

 Superamos a cifra dos 250.000 (DUZENTOS E CINQUENTA MIL) mortos pelo vírus da pandemia. Chegamos a seu momento mais grave.

– há semanas que vemos mais de 1.000 (mil) mortes por dia, e a média de casos diários só aumenta… O atendimento a pacientes graves, à beira do colapso, nas capitais e no interior por falta de leitos e hospitais…

– a imunização pela vacina acontece a conta-gotas, sem nenhuma incidência sobre o avanço da contaminação… enquanto as novas modalidades do vírus só fazem acelerar o contágio…

– mais de 14 milhões de desempregados e uma massa de trabalhadores informais sem poder ganhar alguma coisa para o sustento de suas famílias, um multidão de desassistidos e famintos, sem qualquer amparo, sem qualquer auxílio emergencial, a ponto de vermos, de uma hora para outra, explodir uma  convulsão social

– por sinal, tramita no Congresso uma farsa de proposta de auxílio emergencial elaborada pelo gabinete do ministro da Economia, Paulo Guedes, a ser financiada, retirando-se dinheiro do orçamento da Saúde e da Educação, que já se encontram precarizadas: uma indecência, uma vergonha nacional!

– enquanto isso, grande parte da população continua se aglomerando para festas e lazer, sem máscara e qualquer outro cuidado com a saúde pessoal e coletiva, por mais que a mídia informe sobre a gravidade do momento e as autoridades baixem medidas de distanciamento e isolamento social…

– toda essa gente irresponsável e descuidada se sente à vontade, “autorizada” pelas atitudes irresponsáveis e cotidianas do presidente da República, que continua aparecendo em público sem máscara e provocando aglomerações de fanáticos, para quem ele fala e por quem é aplaudido…

Frente a esse cenário desolador e preocupante, nosso sentimento, nesta Quaresma, só pode ser de luto, e nossa atitude só pode ser de luta.

Luto e indignação, em comunhão com tantos lares que choram a perda injustificável de tantas vidas. Nosso olhar de fé nos faz perceber nada menos que a Paixão Cristo prolongando-se, hoje, aqui e agora, por toda parte, um genocídio: mais de 250 mil crucificados pelo vírus da pandemia e pelo vírus do Sistema de morte instalado no país, governado por quem oferece ao povo desemprego, fome e armas, em vez de trabalho, renda básica e vacina!

Luta solidária em defesa da Vida, da Dignidade, do Direito, da Justiça e da Paz. Com as armas do DIÁLOGO POR AMOR: ir ao encontro dos desmotivados, desalentados e desesperançados, escutá-los e acordá-los para a esperança, para o poder da união, da organização e da luta … ir ao encontro dos iludidos, dos enganados, dos fanatizados, escutá-los e acordá-los para a Verdade que liberta, para a indignação contra a mentira  e a mistificação, para a importância da luta dos Movimentos Populares, do Movimento Sindical, dos Partidos Políticos comprometidos com as causas Populares, “em nome de Jesus!”, que deu sua vida para que tenhamos vida em abundância!

7 – A INDIGNAÇÃO DE JESUS CONTRA O COMÉRCIO RELIGIOSO e A REVELAÇAO DO NOVO TEMPLO
João 2,13-25

Olhando bem, não se sabe o que mais admirar:

– Se o cuidado de Jesus, seu zelo para com o Templo, lugar especial de encontro com Deus, de escuta da sua Palavra, de diálogo amoroso com o Pai, de reorientação da própria vida…

– Se sua indignação, sua raiva, ao ver aquele espaço sagrado transformado em casa de negócio… Religião feito mercadoria, instrumento de exploração do povo, de ganância e lucro vil…

– Ou, então, o anúncio misterioso que ele faz da sua Morte e Ressurreição…

A partir de então,

– Ele próprio será o único e verdadeiro Templo, o único ponto de encontro com Deus, seu Pai…

– Os templos de hoje só valem se for para facilitar o encontro verdadeiro com JESUS Ressuscitado, no anúncio da Palavra e na confraternização da Ceia, de modo que se possa abastecer do seu Espírito, que renova a vida das pessoas e a face da terra.

– E faz sentido lembrar aqui o que ele disse em outra oportunidade: Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles (Mt 18,20).

– Aliás, o Apóstolo Pedro irá escrever claramente, que em comunhão com Jesus Ressuscitado, pedra viva, pedra angular, nós, como pedras vivas, formamos um edifício espiritual (1Pd 2,5-7)… E o Apóstolo Paulo dirá com igual clareza que nós somos o templo do Deus vivo (2Co 6,16). 

E assim, Jesus, vivo e presente em cada pessoa que nele crê, e, sobretudo, vivo e atuante na Comunidade Cristã, a Igreja, Sacramento maior, sinal privilegiado da sua presença e ação, será, no seio da sociedade, fermento de transformação e garantia de que o Reino de Deus haverá de acontecer “assim na terra, como no céu”!

E será este o nosso jeito de vivenciar a Quaresma, para que a PÁSCOA aconteça.

Os Templos vivos de Deus, hoje.

Um governador de importante estado da Federação conclama as pessoas a colocarem suas vidas a serviço da Economia…

O presidente da República dá o pior exemplo de descaso pelos cuidados com as medidas de proteção contra a pandemia e, inclusive, se opõe ao lockdown, ameaçando os governadores que o adotarem de não receberem o auxílio emergencial do governo federal, porque tudo isso prejudica a Economia…

O ministro da Economia gostaria que o Congresso aprovasse uma PEC “do auxílio emergencial” para financiar o mesmo, retirando dinheiro da Saúde e da Educação, para não ultrapassar “o teto dos gastos” e assim prejudicar a Economia…

O ministro do Meio Ambiente trabalha para que tudo quanto facilita a exploração e os lucros do Agronegócio passe que nem boiada pela porteira aberta da impunidade, do desrespeito às leis ambientais, do total descaso com a vida das pessoas e do Planeta: a grilagem das terras públicas, o uso indiscriminado de venenos na agricultura, o desmatamento, o incêndio criminoso de nossas florestas, o assassinato das lideranças da luta pela terra e dos ambientalistas…

Esse é o mote que dá o rumo ao governo desse país, em todos os níveis: SALVAR A ECONOMIA! As pessoas, os seres humanos e o Meio Ambiente, o Planeta que se danem.

Até quando?… Como é que esses criminosos genocidas, delinquentes contumazes, que põem em risco as vidas de 220 milhões de seres humanos, continuam soltos, impunes, se banqueteando e gargalhando, fazendo pouco de tanto sofrimento e de tantas mortes?…

Semana passada, falávamos de uma Quaresma de luto por 250.000 crucificados, as vítimas fatais da pandemia, até então…

Hoje precisamos falar de mais de 10 milhões de infectados, isto é, mais de 10 milhões de Templos Vivos de Deus profanados pelo descaso com a Coisa Pública, com a Vida, em nome do primado absoluto da Economia, a serviço do deus-Mercado.

Dialogar por amor e com amor com essa realidade, suas vítimas e seus algozes, passa, necessariamente pela indignação. A mesma que teve Jesus diante dos vendilhões do Templo de Jerusalém.

Enquanto isso, Igrejas, ameaçadas de falência, porque vivem do mercado religioso, advogam o direito de abrirem seus templos, porque seus cultos seriam “atividades essenciais”… Hipocritamente, tentando passar a “certeza” de que, lá, todos estariam seguros, pois Deus garantiria que ninguém seria infectado… Lembram a segunda tentação porque passou Jesus no deserto, quando o demônio o levou ao ponto mais alto do Templo e propôs que, se era Filho Deus, ele se jogasse lá de cima, porque estava escrito que Deus “dará ordens a seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos para que teu pé não tropece em alguma pedra”… E o que foi que Jesus respondeu?… “Também está escrito: ‘Não tente ao Senhor seu Deus!’” (Mt 4,6-7).

Gente, governantes, pastores, padres, trabalhadores e trabalhadoras, sejamos tod@s honest@s com Deus e com o Povo! Unamos nossas forças na luta pelo respeito à dignidade e a Vida de todos os Templos Vivos de Deus, para que, em meio a todo esse cenário de morte e devastação, tod@s sejamos repeitad@s e tenhamos condições de Vida e felicidade. Só assim o brilho da Ressurreição resplandecerá em nossa faces, e haverá Páscoa para se celebrar!

8 – NO ESCURO DA NOITE DO MUNDO, A ALEGRIA DE IR ENCONTRANDO A LUZ!
João 3,14-21

Jesus está conversando com um fariseu de boa vontade, Nicodemos, que vem procurá-lo na escuridão da noite, para não dar na vista… Tudo indica que Nicodemos, inquieto e vacilante, sente dificuldade em dar o passo e fazer-se, de vez, seguidor de Jesus…

Na escuridão da noite de Nicodemos e da noite do mundo, Jesus aponta misteriosamente para alguma coisa de muito importante, que poderá ser uma luz, para ele e para o mundo: o Filho do Homem elevado como sinal de salvação, igual ao que havia acontecido na caminhada dos israelitas pelo deserto, no tempo de Moisés, quando Deus, num momento de epidemia e morte, mandou que Moisés levantasse, aos olhos de todos, o sinal da serpente: quem olhasse para este sinal se salvaria da morte… Do mesmo modo, quem olhar para Jesus pregado na Cruz e entender o verdadeiro sentido do que estava acontecendo, vai encontrar o caminho da salvação: DAR A VIDA POR AMOR! DAR A VIDA PELA VERDADE! DAR A VIDA PELA VIDA! Aí está a luz para as trevas do mundo! Quem vai topar esta aventura?…

Afinal de contas, nossa vocação e missão é, não somente nos abrirmos para a luz que resplandece da Cruz, mas, a partir da nossa comunhão de vida com Jesus, nós mesmos, nós mesmas, nos tornarmos luz para o mundo. Faz sentido recordar aqui o que Jesus disse no Sermão da Montanha: Vós sois a luz do mundo. (…) Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde brilha para todos os que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está no céu (Mt 5,14-16).

Não seria este, precisamente, o sentido mais profundo da Campanha da FRATERNIDADE deste ano?…

Concílio Vaticano II – Constituição sobre a Igreja n Mundo de Hoje (Gaudium et Spes):

<<43. (… …) As tarefas e atividades seculares competem como próprias, embora não exclusivamente, aos leigos. Por esta razão, sempre que, sós ou associados, atuam como cidadãos do mundo, não só devem respeitar as leis próprias de cada domínio, mas procurarão alcançar neles uma real competência. Cooperarão de boa vontade com os homens que prosseguem os mesmo fins. Reconhecendo quais são as exigências da fé, e por ela robustecidos, não hesitem, quando for oportuno, em idealizar novas iniciativas e levá-las à realização.  Compete à sua consciência, previamente bem formada, imprimir a lei divina na vida da cidade terrestre>>.

Uma luz brilha no fim do túnel!

Segunda feira passada, 08.03.2021, o Ministro do STF, Edson Fachin declarou nulos os processos e inválidas as sentenças contra o Ex-Presidente LULA, pela Operação Lava-Jato, porque o, então, juiz Sérgio Moro não tinha competência para julgá-lo. Um juiz do Paraná não tem competência para julgar um réu de São Paulo, onde vive Lula, ou então de Brasília, onde teriam acontecido os crimes que lhe são imputados.

Terça feira passada, 09.03.2021, o Ministro Gilmar Mendes, pôs em julgamento pela 2ª. Turma do STF, o habeas corpus que requeria a declaração de suspeição do  ex-juiz Sérgio Moro, e anulação de todas as sentenças condenatórias contra o Ex-Presidente LULA, haja vista a parcialidade com que os processos foram por  Moro conduzidos e julgados, com claros objetivos políticos (alijar Lula e o Partido dos Trabalhadores da vida política do país) e interesses pessoais (galgar postos eminentes como” Ministro da Justiça” ou “Ministro do STJ”) por parte do ex-juiz, em conluio com o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a grande Imprensa (TV Globo e Companhia; Veja, Estadão e Companhia). No momento, o placar é de 2 x 2 (Levandovski + Gilmar x Fachin + Carmen Lúcia), pois o Ministro Nunes pediu vistas do processo e a Ministra Carmen Lúcia voltará a reconsiderar seu voto. Dificilmente, o Ministro Nunes e a Ministra Carmen votarão contra, haja vista a contundência do parecer do relator, Ministro Gilmar, e a precisão técnica do parecer do Ministro Levandovski. Observe-se ainda que a Ministra Carmen ficou declaradamente estarrecida, diante da gravidade de fatos alegados e comprovados pelos dois colegas que votaram a favor da suspeição: “Isso é gravíssimo!”.

O que está posto, para o momento, é que, declarada a incompetência do ex-juiz Moro e nulos os processos e sentenças por ele conduzidos, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA passa a ser um cidadão livre, no pleno uso de seus direitos civis e políticos, podendo concorrer às eleições presidenciais de 2022.

Segundo um dos mais importantes jornais do Ocidente, o The New York Times, <<a concessão do habeas corpus que devolve a Lula o direito de buscar a presidência novamente é “uma decisão com potencial para remodelar o futuro político do Brasil”>>.

E é nisso que nós brasileir@s, cristãos e cristãs conscientes, apostamos. Acende-se, em meio às trevas da presente conjuntura, uma luz no fim do túnel. “A Esperança está de volta!”. Esperançar, isto é, construir o futuro de nossos sonhos, de nossa Esperança: sonho de um Governo que “coloque os pobres no orçamento”, esperança de um país caminhe para dias de justiça social e igualdade, onde tod@s possamos BEM VIVER!

Precisamos conversar com as pessoas, dialogando com amor, escutando-as, procurando entendê-las e compartilhando com elas nossos pontos de vista, como fez JESUS com os discípulos, a caminho de Emaús. Se, de repente, encontrarmos alguém que ame mais a luz do que as trevas, como Nicodemos, será mais um(a) companheiro(a) a se juntar a nós na busca da vida nova, de um novo país, de uma vida com dignidade e bem-estar. E haverá PÁSCOA e ALEGRIA: “Fiquei foi contente, a gente vai pra Casa do Amor!”  (Salmo 122).

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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