Fala-se muito da necessidade da empatia, nesse mundo cada vez mais violento e egoísta, em que valores morais sucumbem ao poder material, em que as aparências são cartão de visita, em que tudo parece importante, menos o que se é e se carrega no coração. E, embora essa tecla da tolerância e do entendimento seja batida por todos os meios midiáticos, a sociedade, em sua maioria, aparenta caminhar mais fundo pelas estradas da jornada egocêntrica e isenta de empatia.
A convivência é uma arte. Relacionar-se é uma arte e tanto. Uma diversidade gigantesca de pensamentos, ideias, comportamentos, histórias, tendo que frequentar espaços em comum. Cada um sente o mundo, as coisas, a vida, de uma forma única, e ficar ao lado de divergências torna-se uma tarefa hercúlea.
O choque entre uma pessoa e a outra vem exatamente de dentro de cada um. Vem do enfrentamento do que não tem a ver com a gente, vem da necessidade de olhar e enxergar além do próprio umbigo. Vem do medo do desconhecido, do que não é seguro, do que se nega a entender. E o choque se potencializa de acordo com o grau de aceitação de ambas as partes.
Fala-se muito da necessidade da empatia, nesse mundo cada vez mais violento e egoísta, em que valores morais sucumbem ao poder material, em que as aparências são cartão de visita, em que tudo parece importante, menos o que se é e se carrega no coração. E, embora essa tecla da tolerância e do entendimento seja batida por todos os meios midiáticos, a sociedade, em sua maioria, aparenta caminhar mais fundo pelas estradas da jornada egocêntrica e isenta de empatia.
Na verdade, devemos tentar entender as pessoas, tolerar as diferenças e aparar as arestas em nossos relacionamentos, dialogando e ouvindo ao mesmo tempo. Ninguém é o senhor da razão, ninguém é dono absoluto da verdade, somos todos humanos em constante evolução – se assim nos permitirmos. Porém, existem pessoas que se negam a tentar entender, conhecer, aprender um ponto de vista divergente. Não saem da bolha, não se deslocam um centímetro de sua zona de conforto. Impossível conviver em harmonia com gente assim.
E isso ocorre inclusive com quem amamos, com quem temos alguma história. Nesse caso, para que o amor se sustente, é necessário distância. Afastar-se também é um ato de amor, de amor pelo outro e de amor próprio. Não adianta insistir em certas pessoas. Não fique batendo na mesma tecla. Há tantas teclas, há tantas pessoas, há tantos lugares. Se for para bater, bata um papo com gente positiva, bata um bolo de chocolate, um suco, um drinque, mas, por favor, não faça papel de trouxa. 3 fev 2021
Obs: O autor é graduado em Letras e Mestre em “História, Filosofia e Educação” pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica.