No dia do Juizo Final, todo mundo tem o direito de pendurar seus sofrimentos em algum galho da grande árvore das angústias. Depois que todo mundo tiver encontrado o seu galho, onde pode se desfazer de todo o peso, todos começam a arrodear lentamente a grande árvore. Todos têm o direito de escolher o pacote de preocupações que gostaria de receber no lugar do seu próprio. Mas por incrível que pareça, todos tiram da árvore novamente sua própria sacola e voltam para sua sorte, em vez de carregar a peso dos outros. E cada um sai de lá mais sábio do que quando veio.
Kurzgeschichten 6 – 34 Der Sorgenbaum
Tradução e interpretação Adolfo Temme
Esta história parece supor a reincarnação.
Quem não acredita nisto, no entanto, não deixa de constatar
que a vida tem capítulos bem diferentes,
com uma página em branco entre um e outro.
Alegrias são recebidas com naturalidade, quase sem registrar.
Problemas são encarados com protesto, como acidentes.
O azar só cai em mim. Vida boa é sómente do outro.
Que coisa boa poder tirar a carga do ombro
e ver o conjunto das vidas humanas na grande árvore
que carrega o peso de todos sem julgar.
Na roda que se faz, os mais diferentes se dão as mãos
numa ciranda que começa tropeçando até pegar o jeito.
A árvore da Paciência Divina sustenta a todos.
O que parecia ser tão aborrecido balança com o vento,
como se não conhecesse problema.
Tudo se vê aceito e valorizado
e perde a tristeza com o entusiasmo da ciranda.
É claro que não vou querer a sorte do outro.
Não vou desprezar o que é meu.
Obs: O autor é Frade Franciscano, nasceu na Alemanha em 1940.
Chegou ao Brasil como missionário em 1964. Depois de completar os estudos em Petrópolis atuou no Piaui e no Maranhão. Exerceu trabalhos pastorais nos anos 80 em meio a conflitos de terra. Desde 1995 vive em Teresina no RETIRO SÃO FRANCISCO onde orienta pessoas na busca da vida espiritual.