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Lá vai o tempo feito um trem deslizando
pelos trilhos infinitos do destino.
Antigamente vinha devagar, passadas lentas,
e entre uma estação e outra era possível
ver a beleza em cada uma delas.
Pela janela dava tempo de ver a paisagem,
que nos acenava durante toda a travessia.
O trem caminhava vagarosamente,
deixando um rastro de fumaça
como sinal de sua passagem.
Uma boa parte dessa fumaça
foi dissipada pelo vento do esquecimento;
a outra parte transformou-se em nuvens,
que se espalham pelo horizonte da lembrança.
Hoje, o tempo é um trem
que passa depressa demais.
De uma estação a outra é um ‘flash’.
Recolhe e despeja passageiros
numa velocidade tamanha,
que nem sequer nos damos conta
de quem nos acompanha na viagem.
Não têm traços de fumaça,
muito menos espaço para lembranças.
Tudo acontece muito rapidamente.
Os trens modernos são chamados de ‘trem bala’,
pois passam como se fossem um disparo.
Feito um disparo de uma bala,
que muitas vezes fere e outras vezes mata!
OBSERVAÇÃO:
O texto publicado na página 35 do livro “Arcos e Frestas”, Editora Blocos, no ano de 2003. A obra foi uma das 12 selecionadas no “3º Concurso Blocos de Poesia”, dentre 287 concorrentes inscritos.
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