Padre Beto 15 de janeiro de 2021

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Cansadas da vida monótona que levam, duas amigas, uma garçonete quarentona e uma jovem dona-de-casa resolvem deixar tudo para trás num fim de semana. Mas no caminho se envolvem em encrencas e acabam sendo perseguidas pela polícia. O filme “Thelma & Louise”, de Ridley Scott, é um discurso sobre a hipocrisia social e a necessidade de liberdade humana.

O conhecido cântico que Maria proclama na casa de Isabel (Lc 1, 39-56) é uma compilação de textos do Antigo Testamento feita pelo autor do Evangelho de Lucas. O seu sentido é ser uma introdução à mensagem de Jesus Cristo. O texto possui duas partes. Na primeira temos o agradecimento a Deus pelo que Ele nos fez. Em outras palavras, Deus nos deu o dom da vida, algo maravilhoso através do qual podemos também fazer coisas maravilhosas. Na segunda parte é apresentada a justiça divina que não tolera a repressão e a desigualdade, sendo, portanto, uma orientação de como ser seguidor de Jesus Cristo. Ligado a esta introdução estão as palavras de Paulo (1 Cor 15, 20-27): Como em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos viverão. Paulo não está falando somente da morte física e da ressurreição. A mensagem é mais profunda. Qual é a morte de Adão? A primeira morte de Adão é sua fuga da responsabilidade, é a negação de seu ato. Depois de ter provado da árvore do Bem e do Mal, Adão é questionado por Deus sobre o que ele fez. Adão diz que não foi ele, mas Eva que o seduziu. Da mesma forma age Eva, ela responde a Deus que foi enganada pela serpente. Em outras palavras, cada um é incapaz de assumir seus atos, de ser ele mesmo diante de Deus. Aqui está a morte existencial: nós jogamos a responsabilidade a outros e não assumimos o “trem da história”. O Cristo é diferente. Quem vive o Cristo, ou seja, os valores vividos e pregados por Jesus, não morre, mas vive plenamente, porque procura assumir sua responsabilidade diante do mundo em que vive. Nós vivemos em uma sociedade do “faz de conta” e não procuramos ter a seriedade que a vida merece. Nós fingimos que trabalhamos e fingimos que ganhamos, nós fingimos honestidade e vivemos em um país da corrupção. Nós possuímos cidades turísticas “maravilhosas” cercadas de favelas. Nós fechamos os olhos para os verdadeiros problemas e fingimos que não é nossa a responsabilidade. Nós fingimos viver na democracia, mas quem decide o rumo do dinheiro público são os interesses privados. Quem deseja ser cristão precisa viver em Cristo, ou seja, assumir-se como administrador deste mundo e interagir com os seus problemas. Caso contrário, também faremos de conta que amamos o próximo como amamos a nós mesmos.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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