Djanira Silva 15 de janeiro de 2021

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Por que esta necessidade de sonhar, de me perder no imponderável, no indizível, no mistério de luas, sóis e estrelas?
Por que esta vontade de ser feliz, amar a vida e ver brilhar no infinito uma fagulha de luz e de esperança? Por que não me basto a mim mesma sem carecer de sorrisos sinalizando caminhos?
Há uma tristeza infinita na profundidade deste silêncio, uma mágoa profunda, setas cravadas na carne, enterradas na alma cravejadas de brilhantes.
Algo em mim se transforma profundamente e se reproduz com a velocidade da luz e do som. Acontece, então, uma explosão de silêncio. A noite esconde nas sombras a minha imagem, empresta aos ventos alguns ruídos, soluços e gemidos que tentam me consolar.
Espero que as nuvens mudem de lugar e me entreguem as imagens da minha infância inocente. Carneirinho, carneirinho, cantava minha avó.
As vozes se perdem no infinito e lá me vejo sem poder falar. Será sempre assim? Haverá mesmo um silêncio eterno? Se assim for devo temer cada vez mais a vida.
Estou cansada. De quê? Da indiferença?
No dia em que eu voar serei notada. Quando? Quem sabe? Com a alma presa ao chão sou apenas impotência, desespero, silêncio e nada mais.
Espero as asas do tempo para sobrevoar sobre os perigos da vida. Assim seja, assim será. Ou terá sido?

Obs: A autora é poetisa, escritora contista, cronista, ensaísta brasileira.

Faz parte da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste, Academia Recifense de Letras, Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda, Academia Pesqueirense de Letras e Artes , União Brasileira de Escritores – UBE – Seção Pernambuco
Autora dos livros: Em ponto morto (1980); A magia da serra (1996); Maldição do serviço doméstico e outras maldições (1998); A grande saga audaliana (1998); Olho do girassol (1999); Reescrevendo contos de fadas (2001); Memórias do vento (2003); Pecados de areia (2005); Deixe de ser besta (2006); A morte cega (2009). Saudade presa (2014)
Recebeu vários prêmios, entre os quais:

Prêmio Gervasio Fioravanti, da Academia Pernambucana de Letras, 1979
Prêmio Leda Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras, 1981
Menção honrosa da Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1990
Prêmio Antônio de Brito Alves da Academia Pernambucana de Letras, 1998 e 1999 
Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2000
Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2010
Prêmio Edmir Domingues da Academia Pernambucana de Letras, 2014

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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