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E já que estou na Jaqueira (um parque no Recife), eu resolvi contar, coisas assim, aleatórias, cotidianas.

Esse será o número 1.

No parque – 1

Caminhei. Agora me aquieto em um banco para alongamentos. Tento olhar a árvore, deitada no banco. Tiro uma foto (que mania de postar fotos de tudo que a gente vive, antes a gente só vivia).

Apesar de ser domingo e o parque estar lotado, tento um sossego. Mas logo me vem uma moça com um bebê e senta no mesmo banco.

Mais ao lado um senhor senta falando alto e gritando para o amigo que é dia do médico e que hoje daria consulta de graça. Acho que ele queria apenas dizer para a humanidade que ele era médico, mas pela idade, me pareceu aposentado. Parabéns aos médicos!

Volto para minha caminhada. Prefiro dar mais algumas voltas. Crianças, bicicletas, um casal tira foto sentado numa toalha de piquenique. Um brinde ao futuro da nação! Penso eu com meus botões inexistentes.

Vem em minha direção um homem correndo sem camisa. Alto, (qualquer 1,80m para mim já é alto) suado, com rosto esbranquiçado de protetor solar. O cabelo loiro e cacheado nos ombros me lembra Jesus. Vai ver que resolveu vir hoje correr na contramão para examinar a situação que há muito parece ter perdido o controle. Bonito o Cristo.

Mais na frente um rapaz negro, chama a atenção entre os amigos, exibindo um gingado durante a capoeira. Penso como é bonito um corpo jovem e ágil. Por instantes acredito que o mundo ainda não perdeu o rebolado.

E mal terminou meu pensamento, passa um rapaz, caminhando e escutando alto sua música. Não sei porque todo mundo que escuta música alta tem que ter mal gosto. Poderia estar inundando o parque com música de boa qualidade. Mas penso: faz parte de tudo isso que estamos vivendo ( e como faz).

E tem muito mais que eu, do alto da minha insignificância, observo, com olhos e sentidos que se veem aguçados. Algumas coisas me fazem rir sozinha, o que hoje, com a máscara, fica mais fácil, sem que alguém nos chame de doidos.

Fico aqui, ainda, terminando os exercícios, perscrutando a humanidade em seus momentos mais soltos.

Bom domingo para todos.

Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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