Walter Cabral de Moura 1 de janeiro de 2021

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modela a argila da palavra,
oleiro da lábil linguagem.
tritura o trigo da tristeza,
moleiro de moinhos do mar.

cultiva o visco do verso,
assanha a seara semântica,
agrega o grão da alegria,
camponês e notário das nuvens.

desfere no ferro da fala
o martelo e o malho do ritmo.
apela à cúmplice língua,
ferreiro. a forja é fértil.

apanha, nas brenhas do sonho,
ou recolhe, valham velhas
lembranças, o licor que te leva,
escrivão, à floresta de estórias:

é assim, sem saber se ao certo
dessa massa um sabor surgirá
que, padeiro, perdido, poeta,
tua parte na terra tens tido.

Obs: Texto retirado do livro do autor – É Lenta a Palavra Tempo

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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