Rômulo Vieira 15 de janeiro de 2021

A expressão “dedo  podre” é utilizada para caracterizar uma pessoa, quase sempre mulher,  que de modo geral não faz boas escolhas de namorados, companheiros etc. Sempre se dá mal em um relacionamento amoroso, ou de amizade. Ainda se dá ênfase, para  justificar essa situação, um outro conceito:  “sorte  no jogo e azar no amor”. Diz-se do “dedo podre” que  o mesmo tem afinidade por pessoas que são más companhias, que prejudicam um relacionamento. O “dedo podre” sempre faz escolhas erradas, em qualquer relacionamento. Aquelas “sabidonas” dizem sempre: “fulana não consegue namorar com ninguém que preste”. Contudo, apesar dessa expressão se referir sempre a más escolhas, precisa-se ter muito cuidado ao usá-la.

O nosso querido povo fluminense tem vivido momentos difíceis por escolhas, não muito felizes, quanto aos seus governantes.  Nos últimos quatro anos seis governadores eleitos foram investigados por crime de corrupção, dos quais cinco foram presos. Entretanto acredito que não seria justo usar a expressão “dedo podre”, mesmo que, literalmente, nesses últimos seis anos, a votação tenha sido realizada usando o dedo. Mas o estimado povo fluminense e muito menos o fantástico Rio de Janeiro não merecem essa comparação.

Afinal se tivéssemos que associar o ditado popular tão mencionado para escolhas infelizes, talvez pudéssemos utilizar o outro lado do mesmo, ou seja, aquela consagrada justificativa que diz: “sorte no jogo e azar no amor” e para ser mais fidedigno ao que aconteceu ultimamente no Rio de Janeiro, com certeza ficaria melhor dizer: sorte no amor e azar no jogo.

O Rio de Janeiro é uma grande expressão do amor em todo seu território, com seus 92 municípios. A cidade do Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa é, na plenitude, abençoada por uma das sete maravilhas do mundo moderno: o Cristo Redentor, encravado no topo do Morro do Corcovado, tendo também a beleza exposta do Pão de Açúcar. Além disso, a cidade goza do privilégio de estar à beira-mar e ter duas das mais famosas praias brasileiras: Copacabana e Ipanema. E o que dizer do espetáculo do carnaval na Sapucaí,  cenário exportado para o mundo todo? Durante o período do desfile carnavalesco nessa cidade, o mundo  e especialmente o Brasil, parecem parar. Nada mais acontece, todos aqueles transtornos do “azar no Jogo” são esquecidos e só “voltam” às telas a partir da quarta-feira de cinzas. E a vida segue.

Evidentemente não poderíamos descrever todas as maravilhas do Estado do Rio de Janeiro, mas só para se contrapor ao “azar no jogo” poderíamos citar, ao menos alguns pontos que são sempre um convite a beleza, ao encantamento e a se viver a “sorte no amor”.

Como não se encantar com Petrópolis na região serrana,  fundada por Dom Pedro II, sendo conhecida por isso como Cidade Imperial. Merecem ser visitados: a Catedral de São Pedro; o Palácio Cristal; o Museu Imperial.

Ainda no percurso de serras pode-se visitar a bela Teresópolis que além de seu clima aconchegante, dentre outros pontos turísticos, nos oferece uma das maiores feiras de artesanato no Brasil.

Quer viver momentos de êxtase? não deixe de conhecer  Paraty, já na conhecida Costa Verde. Cidade Patrimônio Histórico Nacional. Por algumas horas deixe todos os azares de lado. Desfrute a beleza histórica, cultural e conheça a gastronomia local. Otimize sua viagem e conheça também na região: Angra dos Reis (possui uma ilha para cada dia do ano, são 365 ilhas) e Ilha Grande (conhecida como um santuário ecológico).

Por esta simples síntese das maravilhas do  Estado do Rio de Janeiro pode-se perceber que os fluminenses não merecem ser denominados de “dedo podre”, talvez seja possível entender que eles têm azar no jogo, mas têm muita sorte no amor. Que estado, não só  a cidade, maravilhoso!

Acredito que, do mesmo modo que não podemos atribuir aos fluminenses a expressão “dedo podre”, também não poderemos atribui-la ao povo brasileiro por algumas escolhas desastrosas que fizeram senão vejamos: exaltar, promover e até idolatrar um homem que se dizia espírita. Um homem que enganou tantos, por tanto tempo. Chegando a incorporar o nome de Deus no seu nome. Apresentava-se como salvador de tantos necessitados, realizando intervenções cirúrgicas mirabolantes, atribuindo-as à mediunidade. Homem responsável por centenas de estupros de mulheres. Condenado pela justiça humana a  dezenas de anos de prisão. Diversos canais de televisão, no Brasil e no mundo apresentaram programas com ele. Diversos famosos foram atendidos em seu “consultório”, políticos, cantores, atores dentre outros. Como atribuir tudo isso a nossa escolha de ídolos? Não aceito ser enquadrado como “dedo podre”.

Para não ser acusado de ser contra o espiritismo, o verdadeiro espiritismo, podemos mencionar como contraponto a esse mau caráter, os médiuns Chico Xavier, Bezerra de Menezes, já falecidos, mas também o Divaldo Pereira Franco em pleno exercício de seu mister. A serviço de grandes obras para a humanidade.

Finalmente o que se dizer de um ex-médico que fora condenado, pela justiça humana, a  278 anos de prisão por  ter  estuprado 52 mulheres e ter tentado outros quatro estupros em 39 mulheres. Esse “cara” pioneiro da fertilização in vitro no Brasil, atendeu gente famosa e de alto nível financeiro, dentro de sua especialidade (reprodução humana -será?) mas  fora condenado por violentar sexualmente suas pacientes. Viveu grande notoriedade no Brasil e no mundo. É de se  lamentar por aquelas pacientes que fizeram a escolha desse profissional tão vil. E certamente essas vítimas não se enquadram como “dedo “podre”.

Vamos torcer para melhorar nossas escolhas e, se alguma vez as fizermos de forma equivocada, que pelo menos possamos ter um contraponto de: sorte no amor.

Obs: O autor, Prof. Dr. Rômulo José Vieira é Acadêmico da Academia de Ciências do Piauí; Acadêmico da Academia de Medicina Veterinária do Piauí; Acadêmico correspondente da Academia de Medicina Veterinária do Ceará; Acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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