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1 SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR
Lucas 2,1-14

O Natal acontece no coração das pessoas e na vida da sociedade:
– onde finda o preconceito e nasce o respeito pelos diferentes…
– onde finda a indiferença e nasce a solidariedade com quem mais precisa…
– onde finda a exclusão e se vive em comunhão entre todos e todas…
– onde finda a acomodação e começa a participação cidadã…
– quando a gente descobre que “há mais alegria em dar que em receber”…
– quando a lei da vantagem é superada pelo prazer de servir…
– quando o desperdício se transforma em cuidado com os outros e com o Planeta…
– quando o consumismo do Papai Noel dá lugar ao “comunismo” de JESUS…
Aí os Anjos cantam GLÓRIA a Deus nas alturas dos céus, porque há PAZ na terra, pois Deus quer bem à Humanidade, sobretudo quando a gente se quer bem e vive a solidariedade!

Como disse, um dia, o Pastor Fred Morris:
<<SOLIDARIEDADE
É O NOVO NOME DA FÉ!
CRER É SER SOLIDÁRIO COM A CRIAÇÃO E COM A HUMANIDADE.
MENOS DO QUE ISSO, NÃO É FÉ, É SUPERSTIÇÃO!>>

Mesmo em meio a um cenário de devastação, os sinais de Natal cintilam por toda parte e nos fazem recobrar a esperança:
– A produção agrícola dos assentamentos do MST compartilhada com a população das periferias de várias cidades…
– A “marmita solidária” e produtos de higiene, que têm chegado para tantas pessoas famintas e necessitadas, durante tanto tempo, envolvendo recursos e trabalho voluntário de tanta gente…
– A dedicação, até a exaustão, de todo o pessoal da Saúde no atendimento às vítimas do Covid-19, em todas as instâncias públicas e privadas…
– Movimentos Populares, Sindicais, Políticos envolvidos na luta pela manutenção do auxílio emergencial e já levantando a bandeira da RENDA BÁSICA UNIVERSAL!…
– Outra importante bandeira de luta está sendo levantada: TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS, em busca de justiça e igualdade!
É a teimosia do AMOR pipocando por toda parte. É a Estrela do NATAL brilhando. Dá pra ouvir os Anjos cantando GLÓRIA a Deus nos céus e PAZ na terra para a gente! ALELUIA!
(3) Aclamação: ALELUIA! + Lc 2,10-11
(R. Veloso – mel.: “Eis que um santo Dia resplende”)

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No brilho da Estrela, FELIZ ANO NOVO! Desejá-lo, só vale a pena, se você se compromete, efetivamente,
a buscar novos caminhos de dignidade, de justiça, paz e felicidade, com todas as pessoas que lutam por um mundo diferente!
Ao desejarmos “Feliz Natal!”, olhemos bem em volta de nós, se não tem alguém precisando mais que os outros… E o Senhor nascerá para ele ou ela através da nossa aproximação, do nosso cuidado e solidariedade.

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DESAFIOS QUE SOBRAM PARA O ANO NOVO:
– A URGÊNCIA DA VACINA PARA TODOS E TODAS!…
– RECURSOS PARA A SAÚDE PÚBLICA!…
– MANUTENÇÃO E INCREMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO: ACESSO À ESCOLA E AO EMPREGO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA… COTAS RACIAIS NAS UNIVERSIDADES… PARTICIPAÇÃO FEMININA NA POLÍTICA PARTIDÁRIA… RENDA BÁSICA UNIVERSAL!
– RESGATE DO EMPREGO… E DOS DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS… TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS
– FOMENTO DA CONSCIÊNCIA DE CLASSE E DA EDUCAÇÃO POLÍTICA DA POPULAÇÃO…
– DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO, DAS EMPRESAS PÚBLICAS E DA SOBERANIA NACIONAL…
POR ONDE COMEÇAR A CONVERSA, A MOBILIZAÇÃO E A LUTA, NO NOVO ANO?…
“DEPENDE DE NÓS, SE ESSE MUNDO AINDA TEM JEITO…”

2 – Festa da Sagrada Família
Lucas 2,22-40
Quanta coisa a admirar, quanta fonte de inspiração, nesse episódio da apresentação de Jesus no templo de Jerusalém.
Os casais cristãos têm essa consciência de que os filhos e filhas são dons de Deus, pelo que, não somente devem agradecer a Deus, mas o melhor que podem fazer é consagrá-los a Deus?… Essa “consagração”, então, terá como consequência um jeito de criar, de educar filhos e filhas nos valores da fé, nos valores do Reino anunciado por Jesus, em cuja vida e testemunho brilha a obediência, a todo custo, à vontade do Pai, e o amor, “até o fim”, à Humanidade; o despojamento, a sobriedade, o espírito de serviço, a solidariedade com quem mais precisa, a indignação profética contra toda injustiça, a generosidade de quem dá a vida por quem se ama, o sonho de um mundo de irmandade e de paz.
Tudo isso, com a consciência de que, não somente farão a diferença e contribuirão prazerosa e altivamente para a construção de um mundo novo, mas terão que enfrentar a contradição dos sistemas de opressão, de exclusão e de morte, como “sinais de contradição”, de tal maneira que a “sabedoria da cruz” será por eles e elas cultivada desde criança.
Somente assim, filhos e filhas crescerão como Jesus “ficando fortes e cheios de sabedoria. A graça de Deus estando com eles e elas” (cf. Lc 2,40).
Somente assim, também, pais mães, à semelhança de José e Maria, cantarão com Simeão e com Ana, o cântico prazeroso e profético que celebra, ao mesmo o tempo, a satisfação de terem cumprido sua missão e poderem, um dia, “ir em paz”, e a alegre certeza de, por isso mesmo, terem contribuído para que “a luz iluminasse as nações” (cf. Lc 2,29-32).

No contexto da pandemia, imaginemos o que possa estar se passando no seio de muitas famílias, às voltas com crianças e adolescen-tes estressados pela necessidade de confina-mento?… Mas são, sobretudo, as famílias às voltas com as condições precárias de moradia (quando não se encontram nas ruas)… com as escolas em recesso… os adultos precisando sair pro trabalho ou dependendo do auxílio emergencial, sem a certeza de que o continua-rão recebendo… que necessitam de uma luz, de uma palavra, de uma mão estendida, de um toque de solidariedade e de esperança… Que nos inspirem José e Maria, Simeão e Ana, nessa hora crucial da vida de nossa gente?…

Da Encíclica “A Alegria do Amor” do Papa Francisco: Moradia, um direito básico…
44. A falta duma habitação digna ou adequada leva muitas vezes a adiar a formalização duma relação. É preciso lembrar que «a família tem direito a uma habitação condigna, apropriada para a vida familiar e proporcional ao número dos seus membros, num ambiente fisicamente sadio que proporcione os serviços básicos para a vida da família e da comunidade».[23] Uma família e uma casa são duas realidades que se reclamam mutuamente. Este exemplo mostra que devemos insistir nos direitos da família, e não apenas nos direitos individuais. A família é um bem de que a sociedade não pode prescindir, mas precisa de ser protegida.[24] A defesa destes direitos é «um apelo profético a favor da instituição familiar, que deve ser respeitada e defendida contra toda a agressão»,[25] sobretudo no contexto atual em que habitualmente ocupa pouco espaço nos projetos políticos. As famílias têm, entre outros direitos, o de «poder contar com uma adequada política familiar por parte das autoridades públicas no campo jurídico, económico, social e fiscal».[26] Às vezes as angústias das famílias tornam-se dramáticas, quando têm de enfrentar a doença de um ente querido sem acesso a serviços de saúde adequados, ou quando se prolonga o tempo sem ter conseguido um emprego decente. «As coerções económicas excluem o acesso das famílias à educação, à vida cultural e à vida social ativa. O atual sistema económico produz várias formas de exclusão social. As famílias sofrem de modo particular com os problemas relativos ao trabalho. As possibilidades para os jovens são poucas e a oferta de trabalho é muito seletiva e precária. As jornadas de trabalho são longas e, muitas vezes, agravadas pelo tempo gasto na deslocação. Isto não ajuda os esposos a encontrar-se entre si e com os filhos, para alimentar diariamente as suas relações».[27]

3 – SANTA MARIA, MÃE DO SENHOR
Lucas 2,16-21

Como seria bom começar um novo ano com a pressa dos pastores, correndo atrás da Salvação anunciada pelos Anjos…
Seremos capazes de decifrar, no Mistério da Criança deitada em cima de um cocho, por que tudo lhe foi negado, desde nascença?…
Por sinal, sobre a Mãe do Senhor, hoje, a grande homenageada, Lucas observa que “guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19), No silêncio de José e na meditação de Maria, o convite a um momento de reflexão… de atenção aos “sinais dos tempos”… E a Criança, filho deste humilde pai e desta humilde mãe, se torna, de repente, o sinal mais eloquente da solidariedade de Deus com os últimos da terra!…

De todas as pessoas que, por estes dias, têm passado pelos presépios das igrejas ou os têm armado em suas casas, quem terá feito esta leitura do Mistério, dando continuidade, hoje, à meditação de Maria?… Quem terá entendido o recado do Céu?…
E no oitavo dia do seu nascimento o Menino, filho de Maria, receberá de José, seu pai, o nome de JESUS! Quer dizer que, na Pessoa de Jesus, Deus vem a nosso encontro para nos salvar, nos libertar, primeiramente, do mal aninhado em nossos corações, da tara da desobediência a seus mandamentos, da busca individualista de nossos interesses egoístas… “Eis o pecado do mundo!”. Toda outra mudança só terá consistência, se começar por aqui, por dentro de cada um, de cada uma, de nós… Sem essa transformação interior de cada pessoa, todo projeto de mudança social acaba indo “pro brejo”… Já temos bastante experiência disso. E faz bem lembrar aqui o que dizia o primeiro presidente socialista de Angola, Agostinho Neto: “Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”. Com esse sonho, com esses anseios, desejemo-nos uns aos outros e outras: FELIZ ANO NOVO!
E que a Mãe do Senhor rogue por nós, e nos seja inspiração, primeiro, na busca ardente de servir, no dia a dia de nossas vidas, ao projeto divino de LIBERTAÇÃO… Em seguida, de poder celebrá-lo e cantá-lo, ao longo deste novo ano, como ela o fez, um dia, na casa de Isabel!

Como de Maria, mais que nunca, Deus precisa de nós para realizar este sonho em nosso país ameaçado por um “projeto de morte”.
*
DEFENDER A VIDA.
A VACINA É UM DIREITO HUMANO DE TODOS OS BRASILEIROS, BRASILEIRAS, REFUGIADOS E MIGRANTES.

«Os políticos são chamados a «cuidar da fragilidade, da fragilidade dos povos e das pessoas. Cuidar da fragilidade quer dizer força e ternura, luta e fecundidade, no meio dum modelo funcionalista e individualista que conduz inexoravelmente à “cultura do descarte” (…); significa assumir o presente na sua situação mais marginal e angustiante e ser capaz de ungi-lo de dignidade» (Papa Francisco, Encíclica Fratelli Tutti, 2020)

No momento em que cresce novamente o número de mortes pelo coronavírus, assistimos atordoados uma disputa que tem a morte como referência. O Tempo do Advento, que deveria ser um momento de esperança e preparação da alegria, está sendo para as pessoas que vivem no país um momento de angústia e incerteza. As vacinas contra o coronavírus já estão disponíveis e começaram a ser aplicadas na Europa. No Brasil, o governo federal não tem plano algum para imunizar o povo e chega a questionar se haverá agulhas suficientes para as injeções. Os estados não sabem o que fazer e o governo paulista já anuncia o início da vacinação para o final de janeiro, com a vacina chinesa produzida no Instituto Butantã. Não é a vacina que foi transformada em objeto de disputa política. É a vida do povo que está sendo disputada por um jogo inescrupuloso e que deve ser repudiado por todas as pessoas de boa vontade. A vida precisa ser garantida de todas as formas. A vacina precisa ser considerada um bem comum, necessária para a sobrevivência das pessoas, diferença entre a vida e a morte. Não pode ser uma moeda econômica de enriquecimento de uns poucos, nem objeto político de quem joga com a vida humana. A responsabilidade pela continuidade das mortes, agora que há vacina, é das autoridades dos Três Poderes. Serão cobradas por isso, caso optem pela morte. Mas clamamos por sua consciência. Não deixem que a vacina continue sendo uma peça do jogo político. Conclamamos as forças da sociedade a lutarem pela vida, agora. É a prioridade sobre todas as coisas. A urgência das ações políticas, legislativas, judiciais e executivas requer um posicionamento definido. Todas as pessoas têm direito à vacina, o mais rápido possível.

Brasília/DF, 10 de dezembro de 2020
Dia Internacional dos Direitos Humanos

CBJP – Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB

4 – SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR
Mateus 2,1-12

Esta festa, celebrada tradicionalmente no dia 06 de janeiro, é o desfecho radiante do ciclo de Natal: a manifestação do Filho de Deus às nações do mundo inteiro, na pessoa dos Magos vindos do Oriente… Eles vêm do lado do mundo onde o sol nasce, em busca do Sol da Justiça, que havia raiado no escuro da noite da gruta de Belém. E houve uma ida e uma volta: Para ir, e chegar até o Menino-Deus, precisou, primeiro, observar os “sinais dos tempos” e caminhar no rumo da Estrela. E já no final da viagem, de onde menos se esperava, não faltou quem quisesse aproveitar-se deles para planos bem diversos e perversos: como predissera Simeão, aquele Menino-Rei, desde cedo, haveria ser “sinal de contradição”. E o encontro com o Menino foi um momento de expansão dos corações e da oferta do que traziam de melhor para Aquele que chegava como promessa de Vida, e Vida em abundância!
Voltando a seus mundos e suas gentes, agora, era a vez de eles mesmos cumprirem o papel da Estrela, anunciando e testemunhando um Reino e um Rei diferentes, que haveriam de acontecer no meio dos simples e dos pobres.
É a partir dos empobrecidos, que Deus quer que mudemos nossos conceitos e atitudes, invertamos nossas prioridades, e inauguremos uma nova realidade pessoal e social: um Ser Humano Novo, um Mundo Novo, que tenha a cara da Terra Prometida, onde mana para todos e todas o leite da justiça e o mel da paz.
“Vós sois a luz do mundo!”, eis aí um bom programa para um ano que começa.
Como cristãos e cristãs, cidadãos e cidadãs do céu, já nesta terra, o que nos cabe como tarefa prioritária, ao longo deste ano de 2020?… Estamos atentos aos “sinais” dos tempos e de Deus?… A Estrela parece estar apontando para:
– a urgência da VACINA para todos e todas!…
– O SUS precarizado, a SAÚDE PÚBLICA sucateada, ameaçada…
– As Políticas Públicas de INCLUSÃO em vias de extinção: direitos e benefícios das pessoas com deficiência… cotas raciais… auxílio emergencial…
– DESEMPREGO devastador… Direitos Trabalhistas e Previdenciários em processo de extinção…
– o RACISMO estrutural e a dizimação da juventude negra, pela violência policial…
– a urgência da TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS…
– O PATRIMÔNIO PÚBLICO em processo de privatização…
Qual a nossa PRIORIDADE?…

EPIFANIA! Vale a pena começar um novo ano ao esplendor de tanta luz, sobretudo se cada um, cada uma de nós, se nossas comunidades cristãs se capacitam a fazer de suas vidas outros tantos pontos de irradiação de um Reino que começa aqui e agora.
Um ano de luz e de luta, para que a Luz vença as trevas!

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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