Estamos chegando ao Natal de 2013. É o primeiro sob o papa Francisco. Ainda temos bem presente o impacto positivo, causado no final do conclave, com a dupla surpresa: a escolha de um cardeal que ninguém imaginava, junto com a escolha do nome Francisco.
Esta dupla surpresa abriu logo um amplo espaço de projeção de expectativas, que foram se confirmando. Como o Francisco de Assis, o agora “Francisco de Roma” também se defronta com o desafio de renovar a Igreja de Cristo, e de retornar à vivência dos valores evangélicos.
Foi dentro deste contexto que São Francisco teve a idéia de celebrar o Natal reproduzindo o cenário de Belém, de onde resultou o “presépio”, que acabou entrando na tradição cristã. Hoje não se celebra o Natal, sem um presépio, por simples que seja.
Pois bem, estas circunstâncias nos chamam a atenção para conferir como vai ser este Natal, com um nome que sintetiza bem dois personagens, colocados a serviço da missão de Cristo e da Igreja, o Francisco de Assis e o Francisco de Roma.
Em vista desta sintonia de duas figuras simbolizando os mesmos valores, a Diocese de Jales elaborou sua novena propondo um “Natal com Francisco”.
O “presépio” é fácil de fazer. O mais desafiador é sintonizar com os objetivos que o novo papa vem nos propondo, com surpreendente objetividade e impressionante firmeza.
Uma iniciativa, que encontra respaldo no contexto do Natal, é a campanha contra a fome no mundo, lançada pela Cáritas, e recomendada com particular insistência pelo papa Francisco.
Assumindo esta iniciativa concreta, em tempos ainda de definição do seu pontificado, resulta clara a intenção de fazer desta campanha contra a fome a inspiração para a Igreja se voltar para a sociedade, e abraçar suas causas importantes.
A fome é expressão da necessidade mais premente de toda pessoa humana. Todos temos absoluta necessidade de comer, para viver. A fome se torna símbolo das necessidades, que precisam ser atendidas para garantir um mínimo de dignidade humana.
O bispo emérito de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, referindo-se ao debate sobre valores relativos e valores absolutos, com sua verve costumeira sentenciou: “só Deus é absoluto, e a fome!”.
Concordamos com D. Pedro, se entendemos que a fome dispensa qualquer discussão ou justificativa. Ela precisa ser atendida, e não pode esperar.
Nestes dias de Natal, nos encantamos com os gestos proféticos do papa Francisco, aproximando-se dos mendigos de Roma.
Estes gestos sinalizam o compromisso do combate à fome, que precisa ser colocado de maneira absoluta, pela Igreja e pela sociedade. Até o nome da cidade onde Jesus nasceu lembra o alimento mais necessário e mais universal.
Belém significa “terra do pão”. Que o Natal nos ensine de novo o gesto da partilha do pão, como fez Jesus, saciando as multidões.
Assim o Natal será, certamente, mais feliz, para todos! 2013
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.