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(Ainda pensando, ainda não entendendo…)
Politicamente correta?
Eu?
Nunquinha.
Serei sempre a que está a um passo de desbravar algum abismo mental, psíquico, ou nos fundos de algum quintal onde o mato e as ervas fizeram ninho.
Serei sempre a que voou mais alto que podia e arrebentou as asas numa queda meteórica e se curou no chão, no vinho e no pão.
Serei sempre a que prefere o espaço, o éter, as nuvens, nunca a âncora que me doaram por nascimento. Serei esquecimento algum dia, mas por enquanto me deixem planando meu mundo etéreo e estranho.
Nunca falarei a linguagem dos humanos, apenas repetirei as palavras neste idioma estranho em que me ensinaram a fala e me alfabetizaram.
Sou a estrangeira e não me envergonho disso.
Nasci com a lua indo se deitar, o céu ainda com estrelas a arrastar a noite e a madrugada.
Não posso me sentir confortável ou bela nesta casca humana que me presentearam, só posso respeitá-la e tentar mantê-la saudavelmente limpa e com cuidados básicos.
Não quero beleza, juventude eterna, botox, plásticas… quero um interior cheio de fadas e duendes, quero uma alma quente e aventureira, quero canelas de cigano para correr minhas metáforas.
Quero vida de verdade correndo nas minhas veias.
E quero distância deste governo de homens e seus podres poderes.
Quero só mesmo a liberdade de, disfarçada, me debruçar na varanda pela madrugada pagando paixão explícita pela lua.
A noite é minha, e minha são as manhãs avermelhadas ou cinzentas, minha é a rua e suas sombras densas.
E se pago um pecado nesta vida é o de ser a estranha, a pária, a perdida em questionamentos e sonhos.
E quando me for pra minha casa verdadeira deixo de herança as perguntas que guardei nos olhos para que um humano desperto ponha sobre a mesa.
O mais é resto, sórdida vileza… Não faço parte!
Ziza Rochedo
Em dia de pensar, pensar, e não chegar a lugar nenhum.
Obs: Imagem da autora