A vida pode ser cruel demais, a ponto de retirar qualquer traço de esperança do coração de algumas pessoas.

O tempo passa e as coisas mudam. Mudam as paisagens, os desejos, os lugares, as roupas, o corpo, muda lá fora e muda dentro da gente. Nós nos transformamos junto com os dias, aprendendo com as experiências, com o que dá certo e com o que dá muito errado. Infelizmente, nem todo mundo melhora com o tempo.

A lógica da vida deveria ser as pessoas se tornarem melhores enquanto vão caminhando, pois a vida a gente aprende vivendo, vivenciando e refletindo sobre o que ocorre. O normal, nesse sentido, seria cada um de nós reconhecer os erros, entender a responsabilidade sobre o que acontece conosco, para que evitemos repetir o que faz mal, aos outros e a nós mesmos.

A lógica seria cada um de nós se afastar do egoísmo, da imaturidade emocional, conseguindo entender a nossa responsabilidade emocional com quem nos ama e nossa influência nas vidas alheias. O normal seria a gente se tornar mais humano, mais solidário, mais empático, mais gente de verdade, gente grande.

Mas a vida pode ser cruel demais, as experiências podem ser traumáticas, a escuridão pode ser avassaladora, a ponto de retirar qualquer traço de esperança do coração de algumas pessoas. Elas então podem não conseguir mais ser as mesmas de antes, nem sorrir como antes, tampouco ser agradáveis como antes. Algumas pessoas se fecham em si mesmas, quando acuadas, de um modo impenetrável, e dali nunca mais saem.

Outras vezes, algumas pessoas mudam conosco porque alcançam uma etapa de vida na qual não conseguem nos encaixar. Elas podem, por exemplo, enriquecer, obter fama ou um emprego altamente rentável, e se esquecerem de quem sempre esteve ao lado delas. Certas pessoas ficam deslumbradas e valorizam somente o que lhes traz conforto material. E daí a gente passa a não mais caber na vida delas.

É a vida, ela pede movimento, ela ensina e cada um que se vire para aprender as lições, ou não. Nem todo mundo se movimenta para a direção nossa e daí a gente não os reconhece mais, nem nos reconhecemos mais perto deles. Embora seja muito triste termos saudades de quem algumas pessoas eram, teremos que lidar com isso. Vida que segue. Mantendo nossa essência, haja o que houver. 20.10.20

Obs: O autor é graduado em Letras e Mestre em “História, Filosofia e Educação” pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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