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1 – DOMINGO DA VIGILÂNCIA
Ez 47,1-12 / 1Cor 3,9-17 / Mt 25,1-13

A vida cristã, imaginada como espera ansiosa de alguém que pode chegar a qualquer momento, pode se tornar algo realmente apaixonante.
Se, porém, não nos engaja, a ponto de mobilizar nossas energias todas a serviço do Rei e do Reino que vem, para que ele aconteça, aqui e agora, “assim na terra como no céu”, com certeza, será uma bela, mas perigosa alienação.
Nossa vigilância, então, consiste em estarmos o tempo todo alertas e motivados para não perder uma oportunidade sequer de realizar a vontade do Pai, de permitir que sua passagem transformadora nos liberte de tudo quanto nos escraviza, de acolher o Verbo e deixar transparecer Jesus em nossas atitudes, de realizar a sua Paz.
Somente assim, estaremos prontos para qualquer surpresa, venha de onde vier, chegue quando chegar. Saberemos, em qualquer circunstância, cantar o Cântico dos redimidos.

 Nossa vigilância, hoje, aqui e agora, pode ter a ver, por exemplo, com a nossa participação na CAMPANHA ELEITORAL. Esse país, destroçado por uma gestão desastrosa, precisa ser reconstruído. E precisa começar de baixo, dos municípios, aqui e agora. Nossas prioridades precisam ser os mais precisados, as mais precisadas, os excluídos, as excluídas. Precisamos eleger: – gente da Classe Trabalhadora; – gente negra, que represente a maioria negra; – Sem-Terra e pequenos/as Agricultores/as – mulheres, que representem a maioria feminina; – LGBTI+, que representem esse segmento; – ambientalistas que defendam a Casa Comum; – pessoas com deficiência, que defendam este segmento…
Precisamos, não apenas escolher bem em quem votar, mas conversar com muita gente para ajudar a que faça escolhas certas… Essa será nossa vigilância cristã, na certeza de que JESUS nos espera na hora de dar nosso voto… e nos aguarda em cada pessoa precisada de orientação. É  por aí que o Reino começa a acontecer.

 Palavras do Papa Francisco aos representantes dos Movimentos Populares reunidos em Roma no dia 28/10/2014:
Este encontro de Movimentos Populares é um sinal, é um grande sinal: vocês vieram colocar na presença de Deus, da Igreja, dos povos, uma realidade muitas vezes silenciada. Os pobres não só padecem a injustiça, mas também lutam contra ela!
Não se contentam com promessas ilusórias, desculpas ou pretextos. Também não estão esperando de braços cruzados a ajuda de ONGs, planos assistenciais ou soluções que nunca chegam ou, se chegam, chegam de maneira que vão em uma direção ou de anestesiar ou de domesticar. Isso é meio perigoso. Vocês sentem que os pobres já não esperam e querem ser protagonistas, se organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, sobretudo, praticam essa solidariedade tão especial que existe entre os que sofrem, entre os pobres, e que a nossa civilização parece ter esquecido ou, ao menos, tem muita vontade de esquecer.
Solidariedade é uma palavra que nem sempre cai bem. Eu diria que, algumas vezes, a transformamos em um palavrão, não se pode dizer; mas é uma palavra muito mais do que alguns atos de generosidade esporádicos. É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. Também é lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas. É enfrentar os destrutivos efeitos do Império do dinheiro: os deslocamentos forçados, as migrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, a violência e todas essas realidades que muitos de vocês sofrem e que todos somos chamados a transformar. A solidariedade, entendida em seu sentido mais profundo, é um modo de fazer história, e é isso que os movimentos populares fazem”.

Pensemos em tudo isso nesse momento de COMUNHÃO!

 

2 – DOMINGO DOS TALENTOS
Pr 31,10-31/ 1Ts 5,1-6/ Mt 25,14-30

Começando pelo dom da vida, o Criador e Pai nos tem dado tanto. As oportunidades todas da vida têm sido, cada uma delas, uma graça de Deus, para nosso crescimento humano, nosso progresso material e espiritual.
Ao longo da vida, vamos acumulando todo um cabedal de experiências, de condições, de aprendizados, de competências…
Seria muito triste, e até trágico, imaginar que tudo isso vá ser simplesmente sepultado conosco, sem maiores consequências.
Jesus nos alerta hoje para a necessidade de fazermos bom uso de toda esta riqueza de dons, colocando-os a serviço do Reino, a serviço de Deus e da Humanidade.
Até porque haverá uma rigorosa prestação de contas…
É preciso estar atento às oportunidades que a vida vai oferecendo. E chegar de mãos cheias para o ofertório da missa de cada domingo.
Só assim poderemos ir “caminhando e cantando” confiantes ao encontro do Senhor da História.

Este ano que está terminando foi um ano de oportunidades muito especiais. Basta relembrar os desafios com os quais nos deparamos, ao longo desses 11 meses:
– a PANDEMIA do COVID-19, inegavelmente vem sendo até agora o desafio maior, agravado, de dia para dia, pela maneira irresponsável e criminosa como o Governo Central vem “se lixando” para tamanho problema… demandando, não só a atuação firme dos Governadores dos Estados e d@ Prefeit@s das  Cidades, mas iniciativas e cuidados de cada grupo organizado e mesmo de cada pessoa…
– e agora, na reta final, as ELEIÇÕES MUNICIPAIS: que podem e precisam ser o começo da reconstrução deste país destruído… Eleger Prefeit@s e Vereadores/as, que tenham compromisso  comprovado com as lutas da Classe Trabalhadora, com os Movimentos Populares, com as causas populares…
– Frente a estes apelos de Deus e da História, como temos usado os talentos que recebemos de Deus?…

Palavras do Papa Francisco aos representantes dos Movimentos Populares reunidos em Roma, no dia 28/10/14 (cont.):

 <<Este encontro nosso não responde a uma ideologia. Vocês não trabalham com ideias, trabalham com realidades como as que eu mencionei e muitas outras que me contaram… têm os pés no chão, e as mãos, na carne. Têm cheiro de terra, de povo, de luta! Queremos que se ouça a voz de vocês, que, em geral, se escuta pouco. Talvez porque incomoda, talvez porque o grito de vocês incomoda, talvez porque se tem medo da mudança que vocês reivindicam, mas, sem a sua presença, sem ir realmente às periferias, as boas propostas e projetos que frequentemente ouvimos nas conferências internacionais ficam no reino da ideia, é mero projeto.

Não é possível abordar o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que unicamente tranquilizem e convertam os pobres em seres domesticados e inofensivos. Como é triste ver quando, por trás de supostas obras altruístas, se reduz o outro à passividade, se nega ele ou, pior, se escondem negócios e ambições pessoais: Jesus chamaria esses fulanos de hipócritas. Como é lindo, ao contrário, quando vemos em movimento os Povos, sobretudo os seus membros mais pobres e os jovens. Então, sim, se sente o vento da promessa que aviva a esperança de um mundo melhor. Que esse vento se transforme em vendaval de esperança. Esse é o meu desejo.

Este encontro nosso responde a um anseio muito concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para os seus filhos; um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza cada vez mais longe da maioria: terra, teto e trabalho. É estranho, mas, se eu falo disso para alguns, significa que o papa é comunista.

Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, teto e trabalho – isso pelo qual vocês lutam – são direitos sagrados. Reivindicar isso não é nada raro, é a doutrina social da Igreja.>> 

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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