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XIX
Recife, Rua Afonso Celso, 182 – AP. 902, Tamarineira, 28 de abril de 2020.
Vem observando ele ultimamente. Não tinha observado o quanto era sábio. Suas posturas tranquilas, comedidas. Faz dias que acompanho seus movimentos. Acorda se espreguiçando bem, depois faz seu alongamento. Faz as necessidades básicas e segue para varanda e fica lá recebendo o sol da manhã. A tarde faz a sesta e levanta bem humorado. Durante a noite é um carinho com nós duas, ali no sofá aconchegado. Invejo-o na sua sabedoria e atitudes. Quisera ter um pouco desse jeitinho zen. E ele é apenas um cão durante a pandemia, como é a vida inteira.
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XX
Parecem duas pistolas na sua mão , como os antigos cowboys, aqueles borrifadores. Um de água sanitária diluída na água e o outro de um produto comprado que promete matar todos os germes. E assim mesmo, sem as cartucheiras, atira para todos lado e em vários lugares. Nesse trabalho diário, chega a ouvir a música de um cowboy chamado o bom, o mau e o feio… e sente-se um pouco de cada personagem assim, dependendo aonde envie suas borrifadas certeiras.
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Obs: A autora é poeta performática, membra da União Brasileira de Escritores (UBE), da Associação dos Amigos do Museu da Cidade do Recife (AMUC), parceira da Cultura Nordestina Letras e Artes. É integrante dos grupos “Confraria das Artes” e “Grupo de Estudos em Escrita Criativa”. Seus três primeiros livros publicados são coletâneas de poemas, Pura Impressão (2008), Um Coração que Canta (2011), Querido Diário Peregrino (2014). Seu quarto livro trata do gênero infanto-juvenil e é bilíngue: A menina e a árvore – The girl and the tree (2017). Seu quinto livro- Sessenta e um Poemas Para Uma Vida – foi lançado em 2019. Tem participação em várias apresentações poéticas e performáticas. Contatos: www.bernadetebruto.com e [email protected]
Imagem da autora.