Maria Inês Simões 15 de novembro de 2020

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“Toc-toc-toc” este era o som das 22h que me chamava a atenção. Em baixo, no canto direito do monitor aparecia uma cartinha amarela “piscando” e avisando sua entrada no mundo virtual.

No início era só um nickname que no imaginário tinha rosto, sentimentos e diálogos. O ICQ avisava quando send estava ao telefone, quando se encontrava ocupado ou ausente. Mas, o interessante era quando estava on-line. E me chamava de “moça” ou de “seng@”. Send era a sensibilidade em pessoa, lia meus pensamentos, sabia quando eu estava triste, alegre ou preocupada.

Lembro-me que certa vez send se apaixonou por uma amiga. Foi quando o conheci através de uma foto, achei a principio parecido com Nicolas Cage, depois desconfiei que fosse montagem, mas ele sustentava a idéia de que aquela imagem era dele e eu não questionava.

No aniversário de minha amiga send enviou dim dim e instruções, eu teria que comprar um arranjo de flores para sua paixão virtual e assim fiz.

Era engraçado porque ninguém acreditava que send existia. Eu sabia que sim… Enquanto ele se ocultava para o mundo, a mim se revelava um amigo à milhas de distância. A paixão pela minha amiga se desfez e send sumiu por uns tempos.

Retornou dois anos depois na época do Natal, eu estava em casa quando tocou o telefone e para minha surpresa era Send que passava por minha cidade a trabalho, convidou-me para tomar um lanche no shopping. Fui é claro, não pelo lanche, mas pelo abraço do amigo agora real.

Vi send uma única vez, no encontro ele me chamava de seng@ e eu o chamava de send, não perguntei seu nome, não era importante. Seu cheiro seu calor ainda ocupam espaços em minhas lembranças. Amiga!!! E não é que ele se parecia muito mesmo com Nicolas Cage (rs).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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