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Sim, acho que fazer intercâmbio pode ser uma experiência muito rica para a maioria de nós. Se for em outro país pode ser melhor ainda no sentido de conhecer e conviver com uma cultura diferente da nossa, aprender outra língua, conhecer lugares novos, melhorar sua formação estudantil/profissional. Etc.

Mas existe um lado negro do intercâmbio não muito discutido ou percebido pelas pessoas. O intercâmbio pode vir de uma fuga existencial, pois onde se está morando lhe é apresentado ou vivida uma realidade insuportável. Essa fuga pode advir do mal relacionamento com os pais, esposa, namorado, família e comunidade. Esse fugitivo pode estar dando grito de socorro que não é de todo ruim, pois para muitas pessoas a sua casa não é seu lar. Estão tentando “se achar” em algum lugar e podem sim conseguir se realizar fora de casa.

Os intercâmbios estão cada vez acontecendo mais cedo. Vi uma divulgação de intercâmbio com a proposta de aprender inglês e espanhol para pré adolescentes a partir de 12 anos. Alguns pais estão comemorando esse projeto para se “livrarem” dos filhos mesmo que por um tempo, esses que insistem em “dar trabalho” a eles, como se fosse possível não dar.

Sem generalizar, vemos também alguns estudantes que, após se formarem, (seja no ensino médio, seja na faculdade), decidem ir embora do país na tentativa inconsciente de evitar a frustração da dura realidade de não conseguir emprego, passar no vestibular ou enfrentar o mercado de trabalho. Os argumentos são muito bons: “Voltarei bem mais preparado”; “ganharei tempo na minha formação pois sou novo”; “vou aprender a me virar sozinho”. Sem contar que é chique fazer uma viagem internacional. Ariano Suassuna, criticando a vontade do brasileiro de ser americano, ironiza que “alguns brasileiros dividem a humanidade em duas classes: as que foram à Disney e às que não foram”.

Por último, não podemos nos esquecer que seja na Disney, Havaí, Pequim ou Istambul, não podemos fugir de nós mesmos. Para onde vamos, carregamos nossas neuroses, mentiras, verdades, alegrias e saudades. Determinados ambientes potencializam ou diminuem nosso lado saudável ou doente. Mas os dois lados ainda estão dentro de você. Para o bem ou para o mau, hoje quase ninguém discorda que somos indivisíveis, mente e corpo, tudo junto e misturado.

Se tudo o que escrevi soou como balela para você, tudo bem, fique em paz e boa viagem, isto é, bom intercâmbio.

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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