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Texto escrito antes de nos amordaçarem.

Tudo o que lhe impede não é real.
Se você coloca barreiras na vida,
cones dizendo não posso transitar aqui,
pedras fechando desvios interessantes,
a quem acusar depois por sua vida insossa?

Comece a derrubar as barreiras, a retirar os cones, a formar um círculo com as pedras e colocar dentro mudas de roseiras.

Agora, com todos os seus caminhos livres, ouse.

Passeie por aquele parque que sempre evitou por achar muito cheio de gente.
Ande descalça na areia daquela praia deserta que sempre causou medo.
Corra pela estrada de terra que viu da janela de um carro, se sentiu atraída, mas arrepiava os pelos só de pensar em desbravá-la.

Saia pra colocar o lixo fora de casa com seu pijama de bolinhas.
Cumprimente, por um dia, todos os desconhecidos que encontrar.
Abrace a criança chorosa que olhou bem dentro dos seus olhos com cara triste.
Converse sim! – com estranhos.

Feche os olhos e medite na praça.

O mais que pode acontecer é chamarem você de louca.
Você é?
Então liga o ‘não tô nem aí’ e faça tudo o que sempre quis fazer,
faça o que gosta,
faça o inusitado, surpreenda o povo que anda comportado em fila indiana.
E nem se incomode em conferir o resultado, pois resultado pode ser subtração,
só queira soma e multiplicação.

Depois, quando voltar pra casa, coloque no papel o quanto foi boa a sua experiência.
Queime num ritual de magia pedindo que todos os seus dias, a partir daí, sejam iguais.

E que seu pedido chegue no departamento universal da liberdade,
e seja atendido.

Ziza Rochedo
Aprendendo a destravar a vida.
Quarta linda pra todos que removeram suas barreiras.
Quarta linda para todos que estão removendo neste exato momento.
E quarta linda para quem não ousa porque tem muita chuva na alma.