não basta ser dono de asas e ares
é preciso descobrir porque a janela se fechou
não basta desafiar o ar com o peso do corpo
é preciso equilibrar-se em beirais para beijar o próprio reflexo
não basta dizer da paz que brilha em seus olhos
é preciso lançar-se ao mergulho no mais profundo da morte
sem um pio
sem um canto
só o bico a furar a grama do jardim
tenho saudades da minha ingenuidade de pássaro sem ninho
haverá no mundo uma hora que seja de delicadeza?
Obs: A autora é mineira. Formada em- Letras pela UFMG, pós-graduou-se na UEMG em Administração Escolar. Às vezes é prosa, outras, poesia. Participou de várias coletâneas, Livro da Tribo, revistas e jornais literários, impressos e virtuais, com poemas, crônicas e contos. Publicou três livros de poesia pela Editora Penalux: Equilibrista (2016), Pontiaguda (2017), Náufraga (2018). Nesse ano, 2020, publicou seu primeiro livro de contos – O Insuspeitável perigo do instante-beijo e outros contos –
Imagem da autora.