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1 DOMINGO DOS ÚLTIMOS
Is 55,6-9/Mt 20,1-16

Uma lógica diferente, a do Reino de Deus!
Na matemática da vida, gosta-se muito de somar ou subtrair, quando a operação traz vantagens. Multiplicar, sempre, contanto que não se precise dividir.
Dentro dessa lógica egoísta e voraz, não há espaço para a lógica do amor, da generosidade, da mão estendida a quem está se afogando, do priorizar a pessoa que mais precisa, aquela que foi sempre escanteada, relegada ao último lugar, esquecida, abandonada, marginalizada.
E esta é a lógica do Evangelho, a marca inconfundivelmente divina da presença e da missão de Jesus. Esta é a essência da sua mensagem, a característica principal do Reino que ele vem anunciar. Esta é a questão de fundo presente em todos os conflitos entre ele e os poderosos da religião do seu tempo. A causa principal da sua morte na cruz.
Revendo a semana que passou, chegamos para o encontro com o Ressuscitado, com a alegria de quem passou a semana “com os mesmos sentimentos de Cristo Jesus”?…
Seremos capazes de cantar-lhe um cântico novo, “porque ele é bom”?…

Numa nação de grande maioria cristã, se esses critérios do Evangelho realmente prevalecessem na maneira como atuam os cristãos que são legisladores, gestores e juízes, em todos os níveis do Estado brasileiro, como teria sido a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência?… Como precisaria ser a Reforma Política e Reforma Tributária?… E nós, Cidadãs e Cidadãos cristãos, o que temos a ver com isso?… O Grito dos Excluídos e Excluídas continuará ecoando: VIDA EM PRIMEIRO LUGAR?… Temos consciência da importância maior das ELEIÇÕES MUNICIPAIS, deste ano?… Não será uma oportunidade imperdível de começarmos a reconstruir esse país destroçado?… Elegeremos vereadores e vereadoras, prefeitos e prefeitas que não sejam gente da Classe Trabalhadora, gente das Periferias, gente comprometida com a gente, comprovadamente, pela sua história?…

Papa FRANCISCO alerta:

Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão e da desigualdade social». Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. (Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”

 

2 – Domingo dos Publicanos e Prostitutas

Ez 18,25-28 / Mt 21,28-32

Quem não conhece alguma história surpreendente, de momentos decisivos, em que ninguém se dispôs a fazer alguma coisa, todos ficaram de braços encruzados, sequer quiseram ver o que se passava, e eis que, de repente, aparece alguém que se lança, desprendidamente, ao encontro de quem precisa, correndo risco de vida quem é socorrido e quem socorre?…
E era gente de quem menos se esperava um tal gesto, uma tal iniciativa.
O Ressuscitado nos convida hoje a celebrar o amor que aposta, até o fim, nas reservas de bondade escondidas no coração de todo e qualquer ser humano.
Afinal, não há ninguém tão bom, que não tenha defeito, nem tão ruim que não tenha algo de bom.
Muitas vezes, é só questão de oportunidade e, não raro, “as aparências enganam”.

E o nosso canto hoje celebrará as finezas do coração de Cristo, as surpresas do “Reino” por ele anunciado, bem como suas repercussões em nossos corações…

* * * * *

Fazemos parte de uma sociedade organizada na base de pelo menos 5 preconceitos:
– o de Classe: “vale quem tem”… “Uns nasceram pra sela e outros pra cangalha”… “Essa gentinha da periferia!”…
– o de Gênero: “no homem nada pega”…  mulher: “sexo frágil”…
– o de Cor: “aquele, sim, é um preto de alma branca!”…
 – o de Religião: “é uma pessoa boa, mas, infelizmente, não aceitou Jesus!”… “eu não quero assunto com esse povo de terreiro!…”
– o de Orientação Sexual: “frango e sapatão, aqui não tem vez não!”… “Isso é doença,  tem que se tratar!”…
E o pior é que as próprias pessoas discriminadas, muitas vezes, se assumem como inferiores, acham que é isso mesmo, dão razão a quem pensa e trata os outros desse jeito, e até tratam outras pessoas do mesmo jeito…
Quanta injustiça, quanta humilhação, quanta solidão! Essas pessoas são “prioridade” no Reino anunciado por JESUS. E nós somos chamados e enviados, chamadas e enviadas, por Ele, como Testemunhas desse Reino!
Antes de tudo, porém, revisarmos o nosso cotidiano, nossa convivência de todo dia… E as próximas eleições podem ser um bom teste.

***************

O Concílio Vaticano II, no último e mais importante dos seus documentos, a Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo (07/12/1965) declara:

    É plenamente conforme a natureza do ser humano que se encontrem estruturas jurídico-políticas nas quais todos os cidadãos e cidadãs tenham a possibilidade efetiva de participar livre e ativamente, de modo cada vez mais perfeito e sem qualquer discriminação, tanto no estabelecimento das bases da comunidade política, como na gestão da coisa pública e na determinação do campo e fim das várias instituições e na escolha dos governantes. Todos os cidadãos e cidadãs se lembrem, portanto, do direito e simultaneamente do dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum. A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação tomam sobre si o peso de tal cargo, em serviço da humanidade. (… …)

    Todos os cristãos e cristãs tenham consciência da sua vocação especial e própria na comunidade política; por ela são obrigados a dar exemplo de sentida responsabilidade e dedicação pelo bem comum, de maneira a mostrarem também com fatos como se harmonizam a autoridade e a liberdade, a iniciativa pessoal e a solidariedade do inteiro corpo social, a oportuna unidade com a proveitosa diversidade. Reconheçam as legítimas opiniões, divergentes entre si, acerca da organização da ordem temporal e respeitem os cidadãos e grupos que as defendem honestamente. Os partidos políticos devem promover o que julgam ser exigido pelo bem comum, sem que jamais seja lícito antepor o próprio interesse ao bem comum (Gaudium et Spes 75).

Como fazer valer esses sábios indicativos entre nós aqui, nas próximas eleições?…
Como conseguir que os partidos políticos sejam, antes de tudo, espaços de escuta?

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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