Achei ali,
largado,
chão de pedra quente.
Sujo e sem pé.
Retrato do tempo
que passou…
Nem mesmo o coqueirinho
que nas brincadeiras
lhe fazia sombra, escapou.
Seu tempo de uso acabou.
Simplesmente jogado fora.
Foi herói e o inimigo.
Foi também o melhor amigo.
Daqueles que a gente fala
e sabe que está ouvindo.
Foi olhos atentos,
quietude e movimento.
Foi tanto e em tantos momentos.
Entre gargalhadas dobradas
e caras amarradas.
Foi tudo e um tanto mais.
Jaz agora, jogado ao chão,
sem cuidados, carinho, atenção.
Nem mesmo alguém
para ajeitar o que está quebrado.
Costurar os pés, talvez,
vê-lo firme de volta.
Deixar quieto, mas perto.
Mas essa foto
me partiu o coração.
Lembra que o mundo
é feito de bolas da vez,
de interesses e descartes.
Corações que apenas batem
num viver ferrenho movido
aos estúpidos motivos
criados para a falta
absoluta de amor.
Da maior do mundo
essa é a pior dor.
Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/
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