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neipies.com
Não vou declarar publicamente meu voto nestas eleições municipais. Um artigo ou crônica não servem para isso. Vou declarar um conjunto de habilidades e qualidades que subsidiem a escolha dos votos para vereador, sob a ótica dos professores e professoras. Acredito que as reflexões podem colaborar para afirmar a crença na boa política, levada a sério na perspectiva do bem comum, como já aprendemos com os sábios gregos.
Estamos num momento do país em que a educação, novamente, é colocada na pauta política e, desta feita, não pode deixar de fora os principais protagonistas: os professores e as professoras.
Quem não gosta de política sempre é dirigido pelos que gostam dela.
A realidade que envolve a educação no país e nos nossos municípios e, sobretudo, os professores e professoras, exige também a representação política a partir das Câmaras de Vereadores. Chega dos professores e professoras viverem a alienação política. Chega de professores e professoras querendo a neutralidade política, até porque ela nem existe.
A democracia exige a superação da alienação política e o engajamento permanente de todos, sobretudo para dizer que a educação não é a solução para tudo e para todos, mas que, sem ela, nenhuma mudança social significativa acontecerá. A democracia representativa tem sentido e legitimidade se estiver casada com a democracia participativa. Este “casamento” é a mudança que deveríamos fazer em nossas cidades, empoderando a comunidade também através de seus representantes eleitos.
Por falta de uma reflexão crítica e por medo de mudanças substantivas, uma grande maioria ainda decide pela continuidade, pela mesmice, pela manutenção do mínimo que sempre se apresenta como o máximo do que é possível fazer. Muitos professores e professoras ainda não votam em candidatos professores por não entenderem a importância de estarem representados no legislativo municipal.
Professores vereadores ou vereadoras bem qualificados cumprem com função política de mostrar à sociedade saídas para a sua realidade, a partir da educação. Vereadores professores ou professoras qualificam o debate público dos problemas das cidades, pois os professores de escolas públicas estão imersos e envolvidos com a dura realidade da maioria da população. Os professores da rede pública estão vinculados às suas comunidades, o que permite que as suas demandas possam tê-los como porta-vozes.
Recolocar a educação, a valorização da dignidade docente e a função social da escola pode ficar um pouco mais fácil a partir de mandatos parlamentares de professores em todas as Câmaras de Vereadores do Brasil. Ou deixaremos, mais uma vez, para os outros, a defesa dos professores, da escola e da nossa dignidade? O desafio está posto! Sejamos sábios!
Obs: O autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS