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Escrevo aqui sobre as nossas lutas diárias e legítimas, dessas que nos potencializam como ser humano.

Sentimos e ouvimos todos os dias um discurso desumano que nos força a “vencer” na vida, e os que não conseguem subir nesse pódio doentio e irreal,  , sentem-se fracassados, excluídos e deprimidos ainda que não o sejam. O poeta e promotor cultural Sérgio Vaz, que nasceu e vive entre os excluídos da periferia, escreveu: “eu vi vencedores nos olhos de muitos derrotados. Dignidade é tudo”.

Acho lindo ver alguém tentar, mesmo sem conseguir atingir o objetivo desejado.

Somos pouco incentivados a celebrar o caminho e a caminhada, mas somos muito cobrados do resultado. E não qualquer resultado, é o “sucesso” o que esperam de nós. Porém o tentar e a energia investida nesse desejo que gera ação também precisam ser comemorados. “Tentei, mas não consegui”, você não ouvirá da boca dos gurus de autoajuda frases dessa categoria em suas ministrações.

Algumas tentativas e ações que nos propomos a realizar sangram a nossa alma, e só a força investida para realizá-la já seria digna de celebração. Ninguém realmente sabe o tamanho do esforço que fazemos para sair da inércia e agir, enfrentando os nossos monstros internos por amor a nós e às pessoas que dividem a vida com a gente. Por isso, repito: é lindo ver alguém tentar genuinamente!

É indescritível a alegria da pessoa que acompanha o seu amado(a) se dispor a enfrentar as suas demandas psíquicas mais difíceis pelo bem do seu relacionamento, da sua família. Esse enfrentamento é subjetivo, pode ser um trauma de dirigir um veículo, a resistência de se engajar numa psicoterapia, ou simplesmente praticar um esporte, fazer uma dieta. Quantas dificuldades nos compõem!

Freud escreveu que “o pensamento é o ensaio da ação”, mas percebemos que para muitas pessoas, a tendência é ficar apenas no ensaio do pensamento.

Nos entristecemos ao presenciarmos a letargia do outro. A estagnação nos angustia, (talvez porque denuncie a nossa paralisia também). Por desconhecermos toda a teia e a complexidade da vida psíquica que uma pessoa carrega dentro de si, percebemos como falta de amor essa falta de investimento do outro para com a gente. Às vezes é, mas nem sempre. E o nosso entristecer fica pior quando conseguimos enxergar no outro um potencial que ele mesmo não vê. É preciso aceitar nossa limitação sobre a vida do outro.

No final das contas, cada um do seu jeito, o que vai dizer o que somos ou o que deixamos de ser, serão os nossos pensamentos transformados em ação. E não necessariamente os “resultados” obtidos e exigidos socialmente.

Fica a pergunta: o que ou quem te impulsiona a agir? É aí que mora o seu coração. A ação fala do que o coração está cheio.

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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