O final do mês de agosto nos remete à dimensão vocacional da vida cristã. Como “mês vocacional”, agosto procura ressaltar todas as vocações. Algumas delas, bem específicas e identificadas: vocação sacerdotal, vocação matrimonial, vocação à vida consagrada.
Mas a vocação que apresenta uma diversidade muito grande de concretizações, é sem dúvida, a “vocação dos leigos”.
Está crescendo na Igreja a reflexão em torno da condição de “leigo”. Ela é vista como “presença no mundo” Nesta perspectiva, começamos a perceber que toda a Igreja tem esta dimensão de “presença no mundo”. Neste sentido, todos vivemos a dimensão “laical”, inclusive os que assumem a “vida religiosa”, que também tem sua maneira própria de estar “presente no mundo”, nem que seja como “fermento” na massa.
A reflexão sobre a condição dos leigos na Igreja levou o Sínodo sobre os leigos a fazer uma interessante inversão semântica. Sempre tínhamos usado a palavra “leigo” como substantivo: “o leigo”, “os leigos”, e assim por diante. Mas eis que a reflexão do Sínodo levou a perceber que a realidade mais consistente do “leigo” é sua condição de “cristão”. Tanto que passou a inverter a relação gramatical das palavras, e leigo passou a ser “adjetivo” em vez de “substantivo”, e a palavra “cristão” passou a ser substantivo.
Assim constatamos que fica melhor falar em “cristão leigo”, de onde se tira uma importante conclusão: o que vale é ser “cristão”. Cristão leigo, cristão padre, cristão bispo, e assim por diante. Aliás, foi o que Santo Agostinho, cuja festa celebramos neste final de agosto, entendeu já no seu tempo, quando falou: “para vocês, sou bispo, com vocês, sou cristão. Aquilo me assusta, isto me conforta”.
Resumo da história: o que importa é ser cristão, seja como padre, pai, religioso, bispo ou leigo. O que dá substância para nossa vida é sermos bons cristãos. As vocações são simplesmente maneiras diversas de sermos cristãos.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.