Rômulo Vieira 15 de agosto de 2020

Chega! Hoje não quero nem ouvir falar daquela doença terrível. Hoje ao ler o evangelho de São Lucas percebi que Zacarias ficou mudo até que compreendesse  o anúncio do anjo Gabriel  que lhe dissera: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova. Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem visto que não deste crédito às minhas palavras, que hão de cumprir a seu tempo”. O anjo anunciara o nascimento de João Batista.

Eu estive, até agora, avaliando o que estava acontecendo, procurando entender melhor o que estava ocorrendo com aquela  doença, mas  percebi muitos outros interesses além de minimizar o problema, desvirtuando  nossa imagem semelhança do Senhor, desse modo, como Zacarias voltou a falar, eu também preciso falar, mas não quero falar de desgraças.

Não quero ouvir, nem ler, nenhum jornal, vou me permitir ouvir Luiz Gonzaga. Não quero alimentar a insaciável volúpia financeira de alguns governantes, vou alimentar a Garbye que é a cadelinha de propriedade da minha filha Fábia.

Não quero ouvir desvarios ou “fakes” jurídicos, vou preferir um original: um filme do Pateta. Não vou participar de nenhum debate científico sobre a cloroquina, vou assistir é:  Perdidos no Espaço.

Se  me trouxerem relatórios sobre aquela doença, vou trocar pela releitura de: Os Sertões de Euclides da Cunha. Se me apresentarem quantos responsáveis por crimes hediondos foram soltos, vou me debruçar em: Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos.

Não vou assistir nenhuma “live” de “especialistas”,  apresentando seu currículo, se colocando como entendedor de tudo  e “explicando” tudo que não sabe e, infelizmente, ainda se achando o “rei da cocada preta” , vou procurar no Yuotube é o filme: Papai sabe tudo.

Quando aos debates de ideologias políticas tiverem início nas mídias, vou assistir, sem dúvida, os filmes de Tom e Jerry. Se alguma organização mundial, nacional, ou mesmo municipal vier ditando normas que não ajudem ao crescimento do  meu país, vou  aproveitar para assistir o Zé Carioca.

Não tenho a grandeza do Lírio que cresce no lodo e se torna tão lindo e exala seu delicioso perfume. Não gostaria de cair no lodo cotidiano que alguns nos convidam diariamente, a luta seria  insana, enorme, para sair do mesmo. Eu tenho me esforçado muito para ser águia, para buscar as coisas do alto. E um novo dia é sempre uma oportunidade para voos mais altos.

Hoje o brilho do amanhecer me trouxe esperanças. Senti a brisa suave no rosto trazendo-me quase um sorriso da natureza. Ouvi o cantar dos pássaros, como se fora uma sinfonia. Cada um entoando o seu canto, mas unidos em uma grande harmonia. Sim é uma grande dádiva, porque perder esses momentos deixando-nos atormentar por aqueles que não querem sair do lodo e que não sendo lírios exalam desgraça, corrupção, oportunismo, falta de caridade, falta de “vergonha na cara”, explorando ainda, continuadamente, aqueles mais necessitados.

Nesse novo dia que me foi dado, percebi até a diferença entre o lixo das flores das árvores de jambo que caem no quintal de nossa casa e a beleza do tapete de cor lilás que elas formam, enriquecendo o ambiente e levemente perfumando tudo ao redor.

Não! Chega!  Não quero saber mais daquela doença. Hoje quero fortalecer a minha fé, quero ter forças para enfrentar todos os desafios, quero pedir a Deus que cuide de nós todos.  Que Ele ilumine nossas mentes, seja dos cientistas, para encontrarem uma vacina e um tratamento eficiente, ou a mente dos leigos, para viverem com prudência e sabedoria. Ilumine também aqueles para saírem do lodo e possam se tornar sementes de árvores frutíferas, lembrem da semente da mostarda, pelo menos.

Obs: O autor, Prof. Dr. Rômulo José Vieira é Acadêmico da Academia de Ciências do Piauí; Acadêmico da Academia de Medicina Veterinária do Piauí; Acadêmico correspondente da Academia de Medicina Veterinária do Ceará; Acadêmico correspondente da Academia Pernambucana de Medicina Veterinária.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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