Dasilva 1 de julho de 2020

Roteiro para estimular a conversa. 

  • “Quem sabe como fazer, mas ainda não fez, ainda não sabe”. O distanciamento prova a afirmação. O Corona, inimigo invisível, sem pedir licença, vem de surpresa e contagia com fúria. O melhor remédio é seguir a orientação de 100 anos atrás, quando teve surto parecido. Por medo ou compreensão metade obedeceu, mas teve que aprender a adequar-se.
  • A quarentena é difícil para quem não pode ou não provou que a casa também tem seus segredos. A primeira sensação é sentir-se perdido, no espaço e tempo, no meio de informações e ‘fakes’. É preciso cuidar-se sem pânico, comer sem engordar, parar e mover-se…. É natural sentir, no início, uma certa tontura… e ver o isolamento como uma prisão.
  • Há depoimentos que falam do problema e de sua superação: ‘conto os dias que faltam, sei saber o quanto vai durar’; ‘isolamento é físico, não é social’; ‘quando fecha uma porta, se inventa uma janela’; ‘distanciamento não é gaiola, é proteção’; ‘toda crise é perigo e possibilidade’. A internet virou ‘janela para driblar a separação forçada’.
  • Uma atitude que ajuda a ‘sobreviver na solitária’ vem da convicção. O preso político aprendeu que nunca se deve largar o sonho da liberdade, mas se vira obsessão, cria ansiedade, angústia, paralisia. A pessoa se fortalece quando diz a si mesma: ‘aqui é meu novo posto de atuação’. Então, percebe que o ócio é um tempo fértil de conspiração e invenção.
  • Outra atitude é entender que a distância diminui a propagação do vírus. Mais ainda se a proteção à saúde é sucateada em favor do lucro. A razão maior é a consciência de que cuidar-se é contribuir com a felicidade coletiva. Além disso, longe do ativismo, o tempo que não se tinha, fica maior para refletir, repousar o corpo e nutrir o espírito e o coração.
  • Uma terceira atitude vem da vontade. É a decisão do fazer que não é fuga, nem férias ou passatempo. É o fazer que desafia a mudar, inventar, produzir, tramar, experimentar e forjar-se para qualquer situação. Esse fazer pensado assusta porque exige disciplina, treino, perseverança. O resultado é a preparação de sujeitos e protagonistas
  • Na prática, primeiro se fixa uma meta e uma rotina. Meta para orientar a ação desejada e útil e rotina para ordenar e incluir as dimensões do corpo, da mente, do coração, no nível pessoal e coletivo. Por isso, prevê tarefa doméstica, alimentação, leitura, exercício físico, informação, arte, arrumação, lazer escritos, meditação, hobbies, trabalho manual …
  • A inteligência apertada, em espaço curto, cria asas: escada vira pista, internet é sala de reunião, zap lugar de troca, computador escritório, mesa linha de montagem, cozinha restaurante, quarto capela, janela palco, moradores aristas…. Essa convivência numa guerra, considera que a individualidade é um direito que se empenha no interesse coletivo.
  • Esse retiro intenso, revela virtudes e mesquinhez vividas em tensão, conflito, contradição. A ânsia de liberdade e de servir pode ser fuga de encontrar, recusa em participar, autoritarismo, agressão… e geram dor, dúvida, desânimo. Recomenda-se que cada pessoa mantenha o grupo de confiança onde partilha, desabafa, busca horizontes, se nutre…
  • O mundo não muda só com a casa, mas não muda sem a casa. Quando o laboratório passar vem a cobrança do que se fez e aprendeu. Verá quem se preparou para o dia depois: descanso, produção, atenção às pessoas, autoconhecimento, leituras, convívio, ajuda solidária? A experiência serve se nos convence a ser felizes, fazendo o povo feliz. 05/05/2020
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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