1 – Domingo dos Segredos do Pai
Mateus 11,25-30
Nosso encontro, hoje, é com o Senhor que celebra alegremente a ternura do Pai, o qual privilegia aqueles e aquelas que o mundo menospreza e exclui. Cantaremos, com mais alegria do que nunca, “porque o Senhor é bom” e revela seus segredos a quem os sábios e entendidos do mundo considera ignorante. Se, durante semana que passou, tivermos tido ouvidos para ouvi-los – as crianças, os idosos, os iletrados, os bêbados, as prostitutas, os marginais, aqueles e aquelas que ninguém escuta – chegaremos enriquecidos, preparados e motivados para escutar o alegre desabafo de Jesus. Cantaremos suavemente porque a ternura do coração de Cristo, “manso e humilde”, nos contagia e nos faz repousar.
O semestre inicia em meio às incertezas da crise sanitária, agravada pela crise política.
Pela frente temos desafios imensos:
– Mais uma eleição para os poderes Executivo e Legislativo Municipais, com datas adiadas, e queira Deus a gente chegue a novembro em condições de realizá-la. Mais que nunca, é preciso começar cedo a interessar-se pelo assunto, com a consciência de que fazer Política, como esforço pela construção do Bem Comum é a forma mais eficaz e abrangente de Amor ao próximo… Não é possível que a gente não tenha aprendido a lição de que “voto não tem preço, tem consequências”… Estamos pagando caro por conta de uma maioria enganada e iludida (ou perversamente egoísta), que fez as piores escolhas para o Congresso Nacional e para a Presidência da República.
– É hora de começar de baixo, pelos municípios, a reconstrução do país, destruído por uma política genocida, que não só descuida da Saúde do povo, como destrói a Legislação Trabalhista, a garantia dos Direitos da Classe Trabalhadora, e a soberania do país. Vamos vendo quem tem realmente compromisso com a gente, com a Classe Trabalhadora!
– Se soubermos escolher bem vereadores e vereadoras, prefeitos, prefeitas, estaremos nos preparando para boas e acertadas escolhas, futuramente, em nível de Brasil.
– São “sinais dos tempos”! Esteja ligado, meu irmão, minha irmã, “em nome de Jesus”!
A ATUAÇÃO DOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE!
A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicato, dotado de um arraigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé.
A tomada de consciência dessa responsabilidade laical que nasce do Batismo e da Confirmação, contudo, não se manifesta de igual modo em toda parte; em alguns casos, porque não se formaram para assumir responsabilidades importantes, em outros por não encontrar espaço nas suas igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa de um excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões.
Apesar de se notar uma maior participação de muitos nos ministérios laicais, esse compromisso não se reflete na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico; limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem empenho real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade.
A formação dos leigos e a evangelização das categorias profissionais e intelectuais constituem um importante desafio pastoral.
Da Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”, 102 (Os grifos são nossos).
2 – Domingo do Semeador
Isaías 55,10-11 – Mateus 13,1-23
Jesus parabenizou, um dia, as pessoas “que têm fome e sede da justiça”. Somente estas serão capazes de entender a linguagem poética das parábolas: gente tocada pelo Mistério de Deus que se esconde por trás de cada coisa, de cada pessoa, de cada acontecimento, dos sinais da História e dos encantos da Natureza..
Gente, como Maria, “que meditava todas essas coisas em seu coração”.
Os entendidos do mundo, os que se consideram “realistas”, acreditam apenas no que veem, isto é, na superfície das coisas, na exatidão dos cálculos, no único valor que interessa à sua cobiça, o lucro material.
Para estes, os poetas vivem “no mundo da lua” e, com certeza, nossa liturgia, nosso canto é mera ilusão e perda de tempo.
Nós, porém, nos alegramos porque as sementes do Reino brotam em nossas vidas e cantamos uma “esperança que não engana”.
Ter olhos de ver e ouvidos de ouvir…
Ter olhos para enxergar, nos desafios de cada conjuntura, os “Sinais dos Tempos”… Ter ouvidos para ouvir os clamores da Natureza e da História, como apelos de Deus… Ter um coração feito terra boa e fecunda, que acolhe tudo isso como sementes do Reino de Deus, que brotarão, ao calor e à chuva do Espírito, e frutificarão em ações generosas e criativas, capazes de ir transformando o mundo em que a gente vive, a começar pela casa da gente, pela rua onde moramos, pelo nosso ambiente de trabalho ou de lazer… É tudo quanto Jesus espera de nós seus seguidores e seguidoras, ao contar-nos a parábola do Semeador… Em que Comunidade Cristã, se vivencia esta dinâmica de vida?… Que pessoas, começando por você e por mim, estão nessa?… Infeliz ou felizmente, é fora e nossos ambientes religiosos que tem gente, grupos, Movimentos, dando conta da proposta de Jesus, mesmo, talvez, sem sabê-lo. Procure, por exemplo, conhecer a luta dos Entregadores de Aplicativos… a história do GALO, que pretende ser, simplesmente, PAULO FREIRE em meio a seus Companheiros, um “político de rua”, um educador popular, no dia a dia…
Papa FRANCISCO nos convoca para a luta pela inclusão social dos pobres:
<<Animados pelos seus Pastores, os cristãos são chamados, em todo lugar e circunstância, a ouvir os clamores dos pobres, como bem se expressam os Bispos do Brasil: “Desejamos assumir, a cada dia, as alegrias e esperanças, as angústias e tristezas do povo brasileiro, especialmente das populações das periferias urbanas e das zonas rurais – sem-terra, sem teto, sem pão, sem saúde – lesadas em seus direitos. Vendo a miséria, ouvindo os seus clamores e conhecendo o seu sofrimento, escandaliza-nos saber que existe alimento suficiente para todos e que a fome se deve à má repartição dos bens e da renda. O problema se agrava com a prática generalizada do desperdício” (CNBB, Exigências evangélicas e éticas de superação da miséria e da fome, abril de 2002, Introd. 2).
Mas queremos ainda mais, o nosso sonho voa mais alto. Não se fala apenas de garantir a comida ou um decoroso “sustento” para todos, mas “prosperidade e civilização em seus múltiplos aspectos (João XXIII, Carta Encíclica Mater et Magistra, 15 de maio 1961, 402). Isto engloba educação, acesso aos cuidados de saúde e especialmente o trabalho, porque, no trabalho livre, criativo, participativo e solidário, o ser humano exprime o acesso adequado aos outros bens que estão destinados ao uso comum.>>
Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”, 191-192. Os grifos são nossos.
Será que dá para entender que é tudo isto que está em jogo na próxima eleição municipal?…Será que dá para entender que nossa “comunhão”, na Missa, tem tudo a ver com nossa participação nas lutas do povo por seus Direitos, e vice-versa?…
Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife) (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)