15 de julho de 2020
A partir da Conferência Geral do Episcopado Latino americano em Aparecida, vem crescendo a consciência missionária, que emerge com insistência na Igreja Católica.
Esta consciência missionária já teve momentos intensos, que a recente história da Igreja registra. Se pensamos, por exemplo, no surgimento de tantas congregações missionárias, fundadas a partir da segunda metade do século 19 e início do século 20, podemos identificar uma das razões que explicam o eclodir surpreendente do Concílio Vaticano II.
O impulso missionário que animou a Igreja da Europa nos últimos séculos, se constituiu num dos fatores que mais contribuíram para criar o ambiente favorável para a realização do Concílio Vaticano Segundo.
A própria trajetória do Papa João 23 encontra no contexto missionário sua melhor explicação. Quando ainda era padre novo, como secretário do Bispo de Bérgamo, foi encarregado de reorganizar o “centro missionário diocesano”. E o fez com tanta competência, que chamou a atenção das outras dioceses, que também aproveitaram as sugestões do Padre Ângelo Roncalli para organizar melhor sua ação missionária.
Em vista do bom êxito da experiência de Bérgamo, o jovem Padre foi chamado a Roma, para ajudar na rearticulação da ação missionária da Igreja em âmbito mundial.
A partir daí, foi tomando rumo a trajetória pessoal do Padre Roncalli, que se colocou à disposição da Igreja para outros serviços. Entre eles, acabou assumindo o encargo de Núncio Apostólico em países da Europa Oriental e na Turquia, e mais tarde na França, até ser nomeado Patriarca de Veneza, de onde participou do conclave que o elegeu Papa em 1958. Sua trajetória foi decorrência do seu engajamento missionário, que o animou desde os primeiros albores do seu ministério presbiteral.
Quando recordamos o desencadear do processo conciliar, ficamos surpresos com a agilidade do Papa João 23 em conduzir os acontecimentos. Esta surpresa fica explicada por sua trajetória pessoal. Foi a missão que projetou os passos do futuro Papa do Concílio. E´ a missão que continua nos colocando em sintonia com o impulso do Espírito que continua conduzindo os passos da Igreja.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.