Não deu tempo.
A maca se deslocando. A porta fechada.
Foi tudo tão rápido.
O medo tomou conta da cena final.
Não pude receber o último abraço apertado.
Nem o derradeiro gesto de carinho e compaixão.
Nenhum último pedido pude realizar.
Gritei com todas as minhas forças: “Não quero morrer”.
A morte consumia o meu corpo a cada segundo inexoravelmente.
A vida entregou as suas armas de luta.
Tive que partir no silêncio,
sem nada pedir, sem nada entregar,
sem contemplar aquele olhar-despedida-lágrima-desespero.
Condenado neste extremo ato de solidão,
com o corpo invadido por tubos, seringas, soros, gases, medicamentos, respirador,
fui embora completamente despido de mim mesmo.
E encontrei mais de 50 mil solitários cruzando o mesmo caminho.
Quem é responsável por este genocídio satânico?
( 21.06.2020 – 17>51h – Caxias/MA)
Obs: Música, letra e vídeo do autor.