Taciana Valença 15 de junho de 2020

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Cá de cima
observo o mundo,
num ruir profundo.

Pássaros anunciam
céus de agonias,

sobre Terra,
viúva dos homens,

sobre trevas,
d’ingratos filhos
saídos dos trilhos.

Incapazes criaturas,
calaram nobres desejos,

pularam estações,
fecharam os olhos às lições.

Fúteis, fracas, enfadonhas,
miseráveis, tristonhas…

Riscaram de sangue a história do mundo,

cavaram abismos de lamaçal profundo.

Cá de cima observo a dor dos fiéis servos do amor,

suspensos em vida,
prévio luto como fruto cegueira da alma.

Cá de cima leio memórias escritas em sangue, assinadas pelos covardes.

Livro sem título
d’um mundo interrompido pelas farsas.

Cá de cima temo
pelos paliativos, pelos inativos e orfandade generalizada.

Cá de cima saudades
do mundo que se preparou para ser,
mas que o não ser dos homens conseguiu ceifar. (09.06.2020)

Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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