Padre Beto 15 de junho de 2020

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Jason acabou de perder o avô bilionário que sempre odiou e estava certo de que não herdaria nada. Mas se enganou: “Red” Stevens deixou 12 tarefas para Jason, ao fim das quais ele será avaliado e, se merecer, terá direito ao que Red chama de “o maior de todos os presentes”. Cada uma dessas tarefas tem o objetivo de promover alguma mudança em Jason, mas nenhuma terá tanta força quanto o encontro casual com a pequena Emily. “O Presente”, de Michael O. Sajbel, nos leva a situações nas quais podemos nos colocar e refletir até que ponto estamos sendo verdadeiramente humanos.

Nós cristãos não podemos ser ingênuos. A cena apresentada em Jo 8, 1-11 não possui a mensagem simplista de que Deus é um Pai misericordioso e que entende nossas falhas. O texto é mais profundo e nos leva à essência de nossa responsabilidade como cristãos. Basta imaginarmos que, ao invés de uma mulher pega em flagrante adultério fosse colocado diante de Jesus um narcotraficante, um pedófilo ou um assassino frio e calculista, qual seria a nossa reação? Se prestarmos atenção no texto, a questão não é o perdão dos pecados, mas sim a aplicação da lei. Os fariseus não confrontam Jesus com a situação de uma mulher, mas com a lei de Moisés. Jesus como resposta joga toda a responsabilidade da aplicação da lei aos fariseus e aos homens que os acompanhava. No texto, encontramos um nítido paralelo. De um lado os seguidores de Moisés que aplicam a lei cegamente, de outro lado Jesus e seus seguidores que procuram trazer uma consciência. Esta não consiste na aplicação da lei simplesmente, mas na analise de cada caso. Em outras palavras, Jesus nos alerta para o tratamento conosco e com as outras pessoas. O próprio único mandamento pregado por Jesus (amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo) não é um mandamento, mas um princípio que nos exige a pensar, a raciocinar sobre cada situação. Se quero seguir Jesus tenho que ter consciência da minha pessoa, tenho que ter consciência de que sou um ser humano que precisa ser motivado, elogiado, mas também que precisa ser criticado quando cometo meus erros. Da mesma forma, devo agir com os outros se pretendo amá-los como eu me amo. O cristão elogia as pessoas motivando-as a seguirem no caminho do bem, mas também tem a coragem de criticá-las quando realizam o mal. Porém, a crítica cristã não é um ato sádico que humilha o outro, mas é feita procurando que o outro cresça e possa se tornar melhor. O cristão critica o outro para o seu bem. Por isso Jesus não condena a mulher, mas a despede pedindo que não peque mais. Este pedido, por sua vez, é também um pedido para pensar, para raciocinar, pois pecar contra Deus é agir contra a vida e para isso eu preciso saber qual atitude gera vida e qual atitude gera a sua destruição. Jesus nos trouxe a consciência de que somos responsáveis pelas pessoas que nos circundam e nós não podemos ser nem legalistas e muito menos omissos diante das pessoas que cometem o mal. Mas, precisamos analisar cada caso e procurar agir com coragem. Quem de nós se manifesta com frequência nos jornais da região expressando suas insatisfações ou elogiando pessoas que fazem o bem? Quem de nós teve a coragem de fazer um boletim de ocorrência na delegacia por ter testemunhado algo de errado? Quem de nós se ofereceu como testemunha para que a justiça fosse feita? Nós nos recusamos a fazer isso, não porque não somos “pessoas do bem”, mas porque somos omissos. O cristão é um ser pensante, mas também um ser com atitudes.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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